Eduardo Chadwick vem com uma certa regularidade ao Brasil para apresentar novas safras, fazer seu marketing e, claro, aparecer na mídia. Dá certo, esta nota é um exemplo. Na sexta-feira, 5 de setembro, ele desarolhou o Seña 2005 e aproveitou para compará-lo às safras de 2003 e 2004, todas elas a 348 reais a garrafa. O Seña 2005 sai pronto da garrafa, com uma complexidade e intensidade que qualquer mortal com pupilas gustativas e um nariz capaz de distinguir aromas é capaz de perceber. Na receita do enólogo misturaram-se 57% de cabernet sauvignon, 25% de merlot, 9% de carmenère, 6% de cabernet franc e 3% de petit verdot: mais bordalês impossível! É o Chile derrotando a França com as mesmas armas dos gauleses! Aromas de frutas e tabaco, um bom corpo na boca, e um delicioso chocolate no final, sempre intenso. Chadwick comentou que os taninos ainda podem amaciar, eu juro que não sinto necessidade. O 2005 é muito semelhante ao perfil do 2003, com a diferença dos dois anos que o separam. Mas creio que o 2005 tem uma pegada mais sedutora. Os incríveis 14,5% de álcool registrados na etiqueta passam ao largo. Muita gente reclama dos vinhos muito alcoólico, que se tornam pesados e enjoativos. No Seña, o equilíbrio de seus elementos encobrem este álcool todo. Além da minivertical de Seña, um bônus track: um Chadwick (R$ 480,00, um dos rótulos mais caros do Chile) da difícil safra de 2004. A linha Chadwick é de estilo mais clássico, um pouco mais velho mundo do que o Seña – não tem tanta doçura e a acidez é mais preponderante. Por essas e outras que Eduardo monta, junto com Steven Spurrier seu show às cegas com tops de Bordeaux. O estilo é o mesmo, e, já se disse aquí, degustação às cegas é a prova dos noves. Sempre. Para finalizar, foi servido um refrescante Arboleda Chardonnay 2005 (R$ 85,00).
Por que um branco no final? Foi aí que começaram a ser servidos os pratos. À medida que o almoço foi avançando tivemos a difícil tarefa de retomar aos tintos cima, agora acompanhados de comida, por ironia ou provocação, francesa. Ficou sensacional. Seña é o vinho de todos os dias do importador Otávio Piva de Albuquerque. Ok, ele pode. Mas também pode ser aquele vinho para você em um momento especial. Não tem erro. Seña, a propósito, não significa sonho, e sim “rasgo de distinción” ou “firma personal”, mas bem que poderia.