O Vega-Sicilia, mítico tinto da Ribera del Duero, está mais para Sicília do que para Vega. A família se encontra em litígio. E por conta de um problema de sucessão familiar na empresa até o evento que comemorou os 150 anos da Bodega ficou um tanto eclipsado. A história, que tem todos os ingredientes que alimentam as fofocas na imprensa coloca em lados opostos o patriarca da holding, David Alvarez, de 87 anos, que controla os negócios da família, e cinco dos sete filhos. Entre eles Pablo Alvarez, um senhor com cara de poucos amigos que batalha com o pai pelo controle do Vega Sicilia. A disputa, diz a imprensa espanhola, foi deflagrada após o terceiro casamento – o segundo com uma secretaria da empresa – do patriarca. Da série parente é serpente, Pablo sugere que o pai esteja sofrendo as instabilidades da idade: “Acredito que este é um processo que ocorre com muitos idosos, que depois de deixar seu papel executivo retornam a ele”.
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Quando esteve no Brasil, em julho de 2008, Pablo Alvarez me chamou atenção por uma semelhança com o ator já falecido James Gandolfine, que interpreta Tony Soprano, o chefe mafioso em crise da série de TV Família Soprano. A vida imita a arte? Na época escrevi:
Pablo Alvarez é um empresário calado e tímido, é o antimarketing em pessoa. Ao contrário da maioria dos produtores e enólogos, que pousam por aqui munidos de apresentações em power point, catálogos caprichados e discursos irritantemente didáticos (e não há mais quem aguente o batido discurso de que “não se faz bom vinho com uva ruim”), Don Pablo parece implorar para não ser instado a falar. Inundado de perguntas, suas respostas são curtas e diretas. Uma definição para o Vega-Sicília Único? Elegância. Qual o melhor dos seus vinhos? O melhor ainda está para ser feito.
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Um dos homens mais ricos da Espanha, David Alvarez adquiriu a Bodega Vega-Sicilia em 1982 (a vinícola foi fundada em 1864) e colocou Pablo para cuidar do negócio. Ele mesmo declara em entrevista ao jornal The New York Times: “Meu pai comprou a Vega-Sicilia por que era a vinícola mais prestigiosa que havia na Espanha. Não fosse isso eu jamais teria entrado no mundo do vinho”. O profissionalismo que a família impôs à empresa é responsável por seu sucesso comercial ao redor do mundo. Um produto especial com uma estratégia comercial exemplar, mesmo com preços pouco amigáveis – o mais barato sai por 419 doletas, ver abaixo. A empresa exporta mais da metade de sua produção para mais de 11o países, entre eles o Brasil.
O Vega-Sicilia – um vinho para poucos – tem uma legião de seguidores no mundo, como os atores Kurt Russel e a atriz Goldie Hawn. O mais famoso aqui no Brasil é o Rei Roberto Carlos. É unanimidade entre os críticos. Para o inglês Michael Broadbent trata-se do “Lafite da Espanha”, Parker deu 99 pontos para as safras 1991, 1994 e 1998 do Vega-Sicilia Reserva Especial.
O Vega-Sicilia é uma instituição, um vinho de muita expressão, potência, elegância e longevidade. Seus disputados rótulos, no centro da discórdia, são os seguintes:
- Vega-Sicilia Valbuena 5º Año Reserva 2006 (180.000 garrafas/ano – U$ 415);
- Vega-Sicilia Único Gran Reserva 2003 (80 a 110.000 garrafas/ano – U$ 989),
- Vega Sicilia e Único Reserva Especial (U$ 1066)
Todos os vinhos fazem parte do catálogo da Mistral (preço em dólar do dia).
Site oficial: http://www.vega-sicilia.com/