Se você é bebedor de vinho, é provável que já tenha tomado um rótulo da Salton. Se espumante é sua praia, as chances são maiores, afinal a vinícola com sede em Tuiuty, Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, é a maior produtora de vinhos com borbulhas do Brasil. Agora, se você é daqueles que não tem preconceito e curte vinho nacional – como eu –, certamente já desarrolhou uma garrafa desta empresa que completou incríveis 105 anos em agosto deste ano. Se você se enquadra em uma das três alternativas anteriores, e assim como todos os brasileiros e brasileiras está com o orçamento mais apertado, acho que este post pode interessar. Vamos falar sobre um vinho nacional bom e barato, e se trata de um “Paradoxo”.
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Paradoxo, segundo o Dicionário Aurélio, é uma contradição, pelo menos na aparência. Um conceito que é ou parece contrário ao comum; um contra-senso, absurdo, disparate. Vinho nacional de qualidade, para muita gente de nariz empinado, entra nesta categoria. Bom e por um preço acessível então, pertence ao campo do improvável. A Salton, no entanto, acredita em paradoxos. E lançou para o mercado de restaurantes a linha de tintos, brancos e um espumante da região da Campanha Gaúcha que, não por acaso, nomeou de Paradoxo. A ideia é fornecer alternativas que podem entrar na carta dos restaurantes a preços mais atraentes. “Nosso objetivo é fazer o brasileiro consumir mais vinho brasileiro”, defende Luciana Salton, diretora-executiva da vinícola. tanto melhor que seja o que ela produz, claro. O consumidor final também pode comprar as garrafas no site da empresa – a caixa com seis volumes sai por R$ 26,50 a garrafa mais valor de frete, dependendo da região de envio. Paradoxo, vale reforçar, também é definido no dicionário como “uma afirmação aparentemente contraditória que, no entanto, é verdadeira”.
Pinot Noir e Gewürztraminer
E já que a pegada é tratar de paradoxos, em vez dos varietais (vinhos elaborados apenas de uma uva) mais comuns como merlot, cabernet sauvignon e chardonnay, que fazem parte da linha Paradoxo, meus destaques são a pinot noir e a gewürztraminer.
O Paradoxo Pinot Noir 2014 é novidade no mercado, recém-lançado em agosto deste ano, foi fermentado em barricas e ficou por lá mais um ano. De cor mais escura que um pinot noir do velho mundo tem um toque tostado da madeira e as sempre presentes frutas vermelhas, aqui mais frescas. Um pinot muito saboroso, menos pesadão, fácil e prazeroso de tomar. Um bom vinho de primavera/verão que deve ser consumido um pouco mais resfriado (mas não gelado, não é para ele pegar uma gripe!).
O Paradoxo Gewürztraminer, com este nome que mais parece um trava-língua e que o Google sempre costuma corrigir a grafia na busca com aquela opção “você quis dizer…”, é uma uva branca mais comum na região da Alsácia, na França, e na Alemanha e que no geral me incomoda quando excessivamente floral. Não é o caso deste exemplar da Campanha Gaúcha, que tem um floral na medida e cumpre seu papel de refrescar o paladar com boa acidez, que amplia sua percepção na boca, um cítrico e um abacaxi no aroma e no paladar e que combinou muito bem com um risoto de limão. Um vinho parceiro de pratos mais leves.
A Salton volta a falar
A Salton sempre mandou bem no marketing; soube como ninguém comunicar seus feitos, alardear seus vinhos e aproveitar ondas como do prosecco, nos anos 2000, dos espumantes nos anos seguintes, conquistando a liderança no mercado (mais de 40%), e ainda se qualificando com vinhos de alta gama contando com a consultoria de um enólogo internacional (o argentino Angel Mendoza, da Trapiche em parceria com o enólogo-chefe Lucindo Copat) quando não se falava nisso, na elaboração das primeiras safras do tinto Talento. À frente desta estratégia “Velho Guerreiro” do “quem não se comunica se trumbica” estava Angelo Salton, presidente da empresa até fevereiro de 2009 quando um enfarte fulminante o retirou precocemente do cenário do mundo do vinho.
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Angelo era um comunicador nato, com enorme magnetismo pessoal. Ele fez bem ao vinho de sua empresa, e por tabela ao vinho nacional. Para ele todo bebedor de vinho era um cliente em potencial. No estande da empresa nas feiras de vinho recebia qualquer pessoa que passasse por perto com um enorme sorriso e, oferecia uma taça de vinho: “Este é um espumante da mais alta qualidade, brasileiro, é da Salton. Você vai provar, gostar e comprar mais no supermercado”, dizia, confiante, com seu vozeirão.
“Quando meu pai morreu ficamos no limbo”, comenta Luciana Salton. Quase sete anos se passaram. Neste meio tempo Luciana e Stella – responsável pela área de comunicação -, filhas de Angelo, se casaram e ficaram grávidas praticamente no mesmo período e se afastaram um pouco do dia-a-dia da empresa. Agora elas voltam com força total. Com novos produtos e uma certeza “Precisamos comunicar melhor. Queremos voltar a fazer a Salton ser o que era, que as pessoas falem mais dos nossos vinhos”, reforça Luciana. Entre os objetivos das meninas da Salton, como carinhosamente são conhecidas, um dos mais importantes é crescer no mercado com opções de vinhos brasileiros bons e acessíveis. “A Salton é uma marca de credibilidade. E, se necessário, temos estoque para o crescimento e atender as grandes redes”, diz Luciana. Um paradoxo? Não, um desafio.
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- Publicado originalmente em outubro de 2015
Realmente nossos vinhos melhoraram muito nos últimos anos, e pelo menos na área dos espumantes, podemos nos gabar de sermos um dos melhores do mundo, quanto ao vinho, ainda falta alguma coisa, mas já da para dizer que fazemos alguns bons
Sou um apreciador de vinhos, principalmente tinto seco. Já experimentei alguns brasileiros, a maioria dessa Salton mesmo. Mas infelizmente não chegam nem aos pés dos Europeus. E se a desculpa for preço, pelo menos aqui pra mim, não funciona. Um rede de supermercados aqui da minha cidade tem uma variedade grande de vinhos, Chile, Uruguai, Argentina da América do Sul, França, Itália, Portugal da Europa, e ainda alguns Norte Americanos da região da Califórnia, Sul-Africanos e Australianos. E os preços dos mais em conta variam de R$15,00 a R$23,00, sendo que mesmo estes são muito bons. E se estiver disposto a pagar mais, tem até uns R$65,00. Gostaria que a produção nacional tivesse mais mercado, mas ela precisa evoluir muito ainda. Melhorar tanto em qualidade quanto em preço.
Gostaria de parabenizar a Salton pela iniciativa, sou um grande admirador dos vinhos nacionais.
Entendo que superamos em muito os chamados “melhores vinhos”, é uma pena que a maioria dos brasileiros acredita que para ser de qualidade tem que ser importado. Nosso vinho é muito melhor que os argentinos, chilenos, etc.
Olá, gostaria de indicar a loja Coisas da Serra. A maior loja de vinhos da Serra Gaúcha com mais de 500 rótulos de vinhos finos, além de acessórios e produtos gourmet. Inclusive vende os rótulos da Salton.
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