Os melhores perfumes podem até estar nos menores frascos. Mas os melhores vinhos, certamente não. Um Château Pichon-Lalande 2004 (R$ 597,00), um Bordeaux da subregião de Pauillac, em garrafa tradicional de 750 ml, já é um luxo. O mesmo rótulo numa magnun (1,5 litro), e um pouco mais envelhecido, da safra de 2001, é uma benção numa segunda-feira nublada. Foram essas garrafas que o francês Gildas d’Ollone, diretor-geral do Château Pichon-Longueville Comtesse de Lalande, ofereceu para um pequeno grupo em um almoço recente em São Paulo.
Na intrincada classificação do Médoc, de 1885 (é, lá as coisas duram), cabe ao Pichon-Lalande a categoria de Deuxièmes Crus Classé, algo como o segundo time entre os seis superfantásticos. Mas mesmo entre os segundos, ele se distancia, pela qualidade e consistência de suas safras, dos vinhos da mesma categoria. Daí inventaram a designação de “supersegundo”. Para Robert Parker, as safras posteriores aos anos 80 podem “rivalizar facilmente com os três famosos Premiers Crus Classé da comuna: Lafite-Rotschild, Latour, Margaux. A propósito, o übercrítico deu 100 pontos para a safra 1982, que ele jura ter provado pelo menos meia-dúzia de vezes em 2002 e que classifica como “tanto de reflexão como hedonista”.
Reserve de La Comtesse
Os “segundos” também têm seus segundos vinhos. No caso, o Réserve de La Comtesse (R$ 239,00), um sucesso de vendas em sua categoria; só na importadora World Wine são 5.000 garrafas ao ano (os rótulos do Pichon-Lalande, como de costume em Bordeaux, não têm representação exclusiva de importadores no Brasil). Este ano chegarão ao mercado vasilhames fora do padrão usual, de 500 ml, ou seja, nem é uma meia garrafa nem uma garrafa inteira. Uma boa solução para restaurantes e para quem tem nessa medida seu consumo e não quer arriscar de guardar o vinho depois de desarrolhado. “O Réserve mantém o mesmo estilo do Lalande”, garante Gildas. “Mas como menos concentração.” O que os difere é o resultado obtido após a segunda fermentação de cada uva que entra na composição – cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e petit verdot -, realizada em barricas separadas. “Após a prova de cada barrica, selecionamos quais vão para cada rótulo”, explica Gildas.
Château Bernadotte
Mas quem disse também que os rótulos mais caros são os que mais surpreendem? No caso, secondo me, brilhou forte a estrela de um rótulo que começa a ser mais trabalhado agora no Brasil e é uma opção muito mais interessante de sabor, maciez e aromas – e sempre com aquele teor alcoólico mais baixo de Bordeaux que convida para mais um gole. Trata-se do Château Bernadotte 2004 (59 % cabernet sauvignon, 36 % merlot, 3% cabernet franc, 2 % petit verdot), localizado na subregião do Haut-Médoc, praticamente vizinho ao Lalande – só alguns quilômetros separam os dois vinhedos. Por 115 reais, você ganha em prazer e sabor, uma boa amostra do que um bom Bordeaux pode oferecer. Tem bastante rótulo do novo mundo mais pobre de espírito e elegância com preço muito mais elevado. Bordeaux não precisa ser, necessariamente, uma bebida para milionários. Faz assim, junta a grana de dois argentino médios e faça um investimento no velho mundo. Depois me diga se não vale a pena variar.
E onde se encontra o Chateau Bernadotte? Quero fazer esse investimento.
Na Bolivia, temos bons vinhos. Eu acho que a falta de comunicacao é o desconhecimento. Temos “Kolbergh”, por exemplo.Ê enviado até a Europa. Ê produzido na regiao de TARIJA, entre os paralelos 30 e 50 na linha dos estados de Paraná y Santa Catarina. Eu acho que ainda é melhor do que varios dos vinhos chilenos. Muito obrigado