Você já tomou um vinho americano? Provavelmente, não. Eu mesmo conheço pouca coisa. Na verdade, não há muitas opções no Brasil de tintos e brancos produzidos na terra do Tio Sam. Três razões contribuíam, pelo menos até o final de 2008, para esta tímida presença: os bons rótulos custavam os olhos da cara, o mercado interno consumia quase toda a produção e, como consequência, a oferta dos rótulos made in USA nas grandes importadoras era pífio.
Mas a crise atingiu em cheio também o mercado americano de vinho. Claro, o consumo interno continuará alto, mas o dinheiro ficou mais curto e as vinícolas, que antes tratavam com desdém o mercado externo, começaram a voltar os olhos para fora e a abrir negociações que permitem trazer os vinhos a preços competitivos e em maior escala – o que diminui o preço final.
Portanto, as chances de você – e eu – provar um rótulo americano em 2009 será maior.
Vai contribuir para isso a iniciativa de duas novas importadoras, a pequena Wine Lovers e a agressiva e recém-chegada BevBrands, que prometem colocar o vinho americano na agenda dos consumidores brasileiros com uma coleção de rótulos dos estados da Califórnia (a maior parte), Oregon, Washington e New York.
2200 vinícolas, em todos os 50 estados
Os Estados Unidos são grandes produtores e consumidores. Todos os 50 estados produzem vinho. Três deles realmente interessam, e é onde estão concentrados os melhores caldos. O estado da Califórnia lidera com folga o ranking, em qualidade e quantidade, com 900 vinícolas, seguido do Oregon (198) e New York (162). Mas há vinho sendo engarrafado até no Alaska (4), Flórida (8) ou Mississipi, com uma única e solitária vinícola. No total, são cerca de 2.200 vinícolas no país. O site do jornal Usa Today produziu um mapa interativo muito legal com essas informações para quem quiser saber mais.
Os EUA no Brasil
Aqui entre nós, no entanto, perdem feio para os chilenos, argentinos e portugueses no ranking de volume importado. E não só para eles. Ocupam a 11º posição, com 0,12%, à frente somente da Nova Zelândia (veja quadro abaixo). Ou seja, o espaço para crescer é grande se for feito um bom trabalho de divulgação, distribuição e, principalmente, uma boa política de preço.
1º Chile 34,38%
2º Argentina 26,54%
3º Itália 17,91%
4º Portugal 11,24%
5º França 4,54%
6º Espanha 1,82%
7º Uruguai 1,70%
8º África do sul 0,58%
9º Alemanha 0,54%
10º Austrália 0,40%
11º EUA 0,12%
12º Nova Zelândia 0,11%
Concentrado, aromático e um pouco doce
O gosto americano vem dominando o mercado mundial. Isso é sabido, criticado e debatido. É a tal parkerização do vinho de todo o planeta. Esta onda de vinhos com muito extrato – quase dá para mastigar a bebida –, com aromas predominantes de compota, muita madeira, quase doces, e com menos espaço para a acidez. Trata-se de uma caricatura da produção do vinho americano. Isso não é uma coisa boa nem ruim, é só uma característica do paladar do americano médio. Claro, há vinhaços também, que em degustações às cegas dão um banho em Châteaux franceses, em mitos italianos e modernosos do Priorato, na Espanha.
Principais uvas
Como todo grande país produtor, os EUA também têm uma uva para chamar de sua, no caso a zinfandel, que estudos revelaram parentesco com a italiana primitivo. Em solo americano assim como acontece com a malbec na Argentina e a carmenère no Chile, desenvolve características próprias. A zinfandel está na linha de caldos musculosos, um sabor de groselha e bastante alcoólicos. As tintas cabernet sauvignon, merlot, pinot noir (aqui mais no estado do Oregon) e a branca chardonnay, porém, produzem os rótulos mais interessantes, do mais básico ao mais caro e refinado.
Os vinhos da Wine Lovers – estes eu provei
A Wine Lovers – por que esta mania das importadoras, revistas e eventos com nome em inglês? – está há dois anos no mercado, trabalha com pequenos volumes e tem uma estratégia de negócio que visa a fidelização de seus clientes. Sua filosofia é trabalhar numa faixa de preço médio que vai de 30 a 100 reais. Como todo mundo, eles começaram com os rótulos argentinos e chilenos. Mas graças ao conhecimento de um dos sócios, que passou a parte da vida na Califórnia, resolveram apostar nesta região dos Estados Unidos, com um o seguinte foco: todos os rótulos são de vinícolas pequenas, que eles próprios visitaram. O critério de escolha foi dividido entre os clientes e especialistas em degustaç%C
mais um artigo simpatico, gostei e aprendi algo.
Roberto, que tal deixar um link com seus artigos em pdf para que pudéssemos arquivá-los? Eu geralmente os copio e passo para o word, mas isso dá trabalho e não fica com a formatação original. Abraços, Flavio
Excelente a sua explanação. Contudo preciso de informações sobre vinho Kasher. Você pode me ajudar?
Ola Sr. Gerosa,Gosto muito do seu blog a tenho aprendido um bocado lendo seus artigos.Acabei de ler no site da Veja que o vinho nosso de cada dia aumenta a probabilidade de cancer. Resultados de uma pesquisa francesa, diga-se de passagem.Leio isso logo agora que estou tentando aprender e beber mais sobre o assunto.Quando vc escreveu sobre a dose diaria de vinho e seus efeitos na prevencao da impotencia, fiquei feliz, devo dizer. Porem apos ler o artigo de hoje, fiquei com a pulga atras da orelha….sabe como eh que eh, melhor brocha do que doente…Como seu blog eh tao popular (pelos menos para aqueles que gostam da bebida) quanto o o do Reinaldo Azevedo (para aqueles que nao gostam do Lula), seria interessante se vc escrevesse algo sobre o assunto. Essas pesquisas sao mesmo serias, no que devo acreditar? Com certeza tu tens mais feeling do que eu e muitos outros leitores neste assunto.Obrigado e desculpa o tamanho do “conmentario”.Marcelo
Gostava de saber como posso saber o valor de uma garrafa de vinho do porto do ano de 1892 que tenho para vender.Obrigado espero que me possam ajudar.
Prezado Roberto,Você poderia informar o telefone de contato da Bevbrands.Muito obrigado,