O que têm em comum o crítico gastronômico Anton Ego, personagem do desenho animado Ratatouille, e o senador sem partido por Goiás Demóstenes Torres? Ambos têm, além de gosto apurado por vinhos finos, uma certa queda pelo Château Cheval Blanc 1947, um dos melhores Bordeaux produzidos no planeta. O primeiro saboreou sua garrafa no restaurante Gusteau’s, cenário da animação da Pixar, e achou perfeita a combinação com a carne. O segundo não se sabe se chegou a desarrolhar suas garrafas do nobre tinto, mas quando o fizer com certeza deve fruir uma cachoeira de sensações. Isso se o caldo de St. Emilion não estiver bouchonné quando for aberto…
Os vinhos finos, raros e caros são um fetiche dos poderosos – mais ainda daqueles recém-alçados a esta posição. Por ser um símbolo de status de reconhecimento fácil, são também um fetiche da mídia quando acompanham personagens suspeitos do mundo dos negócios e das negociatas. É sopa no mel.
A estrela da vez é o Cheval Blanc 1947 encomendado pelo senador Demóstenes Torres ao contraventor e muy amigo Carlinhos Cachoeira. Áudios da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelam que em agosto de 2011 o senador goiano encomendou ao assessor de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, cinco garrafas da preciosidade da região de St. Emilion: “Mete o pau aí. Para muitos é o melhor vinho do mundo, de todos os tempos. Passa o cartão do nosso amigo aí (Cachoeira), depois a gente vê”. Indignação, revolta, o vinho entrou para o banco dos réus.
Demóstenes sabe das coisas. Para o critico Robert Parker a safra faz parte da “esplêndida trilogia de 1949, 1948, e 1947” dos rótulos produzidos pelo château de Bordeaux. A barganha, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, saiu por 14.000 dólares. Uma rápida pesquisa no diretório de buscas Wine-Searcher aponta garrafas do Cheval Blanc 1947 desde 3.000 até 25.000 dólares! Uma pechincha perto de uma garrafa de 6 litros, também chamada de imperial, de um Château Cheval Blanc 1947 encontrado em uma adega secreta de um grande colecionador, que foi leiloada por US$ 304.375 em 2010.
Políticos e vinhos
Vinho, política e poder caminham juntos desde sempre. Desde a Grécia antiga, passando pelo Império Romano até as recepções oficiais da ONU, da Casa Branca e do Itamaraty. Mas também frequentam os gabinetes de lobistas e dão uma mão de verniz nos brindes das negociatas de sempre. É famosíssima, por exemplo, a adega do deputado Paulo Maluf, com sua vasta coleção dos borgonhas da Domaine Romanée-Conti. Aubert De Villaine, seu produtor, declarou em entrevista a este blog sua surpresa após uma visita ao ex-prefeito de São Paulo, em 1995: “Maluf tinha algumas safras antigas que nem nós temos mais na nossa adega, na Domaine.” E perguntou: “O que aconteceu com o senhor Maluf? Ele foi preso, não?” Maluf foi preso e solto mas ainda permanece na lista dos mais procurados da Interpool por suposto desvio de US$ 11,6 milhões. O vinho mais caro vendido na história, de alguma forma, também está ligado a um político. Uma garrafa de Lafitte (hoje conhecido como Château Lafite Rothschild), da safra de 1787 e pertencente à coleção do presidente americano Thomas Jefferson, foi arrematada por US$ 160 mil em 1985 pelo milionário Malcolm Forbes.
O senador Demóstenes e Carlinhos Cachoeira, revelam as escutas agora, eram bastante próximos e seus encontros eram regados a um bom tinto. O senador tem uma adega repleta de rótulos raros e exclusivos – é um apreciador da bebida, hábito que geralmente exige uma certa quilometragem de rótulos provados. A única vez que pude observar o senador de perto, em um restaurante de Brasília, ele saboreava um tinto italiano de bom pedigree que descansava em um decanter em sua mesa.
Demóstenes, o original grego, foi um politico de Atenas que se destacou pela oratória. Foi condenado ao ser corrompido por um ministro de Alexandre e foi preso. Conseguiu escapar. Demóstenes, o homônimo goiano, também brilhou na tribuna do Congresso em Brasília e seu “discurso ético” encantou uma parcela da nação que se viu preplexa com as revelações dos áudios da Polícia Federal. O vinho caro, adquirido de maneira ilícita, foi a cereja no bolo. O problema, claro, não foi o vinho. É ético, e não etílico. E o Cheval Blanc entrou na dança.
CPI do Cheval Blanc
No intuito de colaborar com a CPI mista de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o Blog do Vinho traz a ficha corrida do Cheval Blanc 1947 e algumas declarações de personalidades que mantiveram alguma intimidade com a garrafa.
Ficha
Nome: Château Cheval Blanc
Classificação: Premier Grand Cru Classé A
Proprietários: Bernard Arnault e Albert Fère
Endereço: Châteu Cheval Blanc, 33330, St.-Emilion, França
Telefone: 33 05 57 55 55 55
Email: [email protected]
Site oficial: www.chateau-chevalblanc-com
Vinhedos
Área: 91,4 acres
Uvas: 58% cabernet franc e 42% merlot
Média de idade das vinhas: 45 anos
Densidade da plantação: 8.000 vinhas por hectare
Vinificação
21 a 28 dias de fermentação e maceração em temperatura controlada em “barricas” de concreto e tanques de alumínio. Após a fermentação malolática, passa 18 meses de envelhecimento em barris novos. O afinamento é feito com claras de ovos e não passa por filtração
Produção
Produção anual: 100.000 garrafas
Preço médio, entre 125 e 500 dólares
Safras excepcionais recentes
2000 (100 pontos Parker), 1990 (100 pontos Parker)
REGIÃO – O Château Cheval Blanc está localizado na apelação de Saint-Émilion, em Bordeaux, França, na margem direita do rio Gironde. Saint-Émilion é conhecida como a pátria da uva merlot, mas na composição do Cheval Blanc é caracterizada por uma alta percentagem da cabernet franc. A combinação de partes quase iguais das duas cepas tornam o vinho um experiência única.
CARACTERÍSTICAS – De cor rubi escuro, em suas melhores safras é opulento e frutado, corpo intenso, volumoso, e fácil de beber quando jovem. O bouquet é especial. Nas suas melhores safras o Cheval Blanc é ainda mais aromático que outros Médoc, como Chateau Margaux. Traços minerais, mentol, tabaco, especiarias exóticas, intenso, muita extração e frutas negras são características do vinho.
O que esperar da safra de 1947
(mesmo que você jamais chegue próxima de uma em sua vida)
O Château Cheval Blanc descreve a safra de 47 como um “feliz acidente da natureza. Seus extraordinários sabores são tão ricos e generosos que faltam palavras para descrever sua degustação. Frequentemente comparado a um Porto Vintage, é certamente um vinho poderoso. Sugestões da fruta cristalizada, geléia, café e as especiarias. Os taninos são incrivelmente suaves e o final é quase infinito.”
Para o britânico Michael Broadbent, Master of Wine e ex-responsável pelo departamento de vinho da casa de leilões Christie’s, o Cheval Blanc 1947 pode ser descrito pelo seu estilo que lembra um porto em sua concentração e doçura.
O critico Americano Robert Parker, que pontuou a safra de 1947 com a nota máxima de 100 pontos, descreve assim esta raridade: “O que eu posso dizer sobre este vinho que parece mais um Porto que um vinho seco de mesa? O Cheval Blanc 1947 mostra uma textura tão densa quanto um óleo de motor. O intenso nariz de bolo de frutas, chocolate, couro, café e especiarias asiáticas são inacreditáveis. A textura untuosa e a riqueza de frutas doces são incríveis… Perfeito, ou próximo da perfeição, toda vez que tive a oportunidade de prová-lo.
se torna um jogo perigos e melhor deixar tudo debaixo dos panos porque vai sobrar para muitos deles tem varios outro senadores envolvidos o ultimo e maggi-
Pessoal…
povo brasileiro, trabalhador,sofrido, que ganha o salário(?) mínimo, o que dizer de mais um momento na política brasileira? Confiar? Em quem? Fernando Collor, prestem atenção no sobrenome desse pilantra: Collor!! É é assim que vai acabar! Tudo no mais colorido carnaval das CPI’s! E ele ainda faz parte do que querem nos impor sob a ótica vesga ou cega?do nosso querido Brasil!
Estamos todos cansados de mais um teatro das CPI’s dirigidos pelos atores atrozes da política brasileira! Sem mais comentários!!!!
ACHO MALDADE ASSOCIAR A REPORTAGEM A UM VINHO TÃO ESPECIAL ASSIM. SEI QUE O VINHO QUANTO MAIS VELHO MELHOR, E DEPENDENDO SÃO POUCOS QUE PODEM APRECIÁ-LO, INFELIZMENTE ESSE SENADOR É UM DELES, POIS NÃO TÃO NEM AI, QUE PAGA É O POVO MESMO. ESPEREM AI? NA ROMA ANTIGA O POVO NÃO PAGAVA IMPOSTOS PARA OS REIS E GOVERNANTES SE DELICIÁREM? AGORA ENTENDO ELE É DAQUELA ÉPOCA, SÓ NÃO SABE QUE AQUI É BRASIL, DA MESMA FORMA OS TROUXAS SOMOS NÓS MESMOS, ALIAS OS GOIANOS É QUEM NÃO SABEM VOTAR, EM VEZ DE QUEREM SO FAZER DUPLA SERTANEJA, FAÇAM ALGUMA COISA DIFERENTE VOTEM CERTO E PAREM DE ESCOLHER SAFADOS, LADRÕES E CORRUPTOS.
Prezado Davilson,
Estudo filosofia, teologia e história………sugiro verificar outras épocas, outras nações antes de produzir críticas ao vento…….
Somente uma sugestão……..para não cair no lugar comum de criticar sem embasamento!
políticos e seus vinhos…o Lula mesmo tinha garrafas e mais garrafas de Romanée-Conti lá em Brasília…só bebia este…dinheiro do povo gasto com coisas boas!!!
E uma boa escolha!!!
http://www.vinhobr.com.br