O produtor de vinhos chileno Eduardo Chadwick é alpinista. Seus vinhos também são. 2004 foi o ano que eles atingiram o topo da montanha. Chadwick arriscou todas as suas fichas na já famosa Cata de Berlim, a degustação que colocou, lado a lado, seus rótulos e ícones franceses como Château Lafite-Rothschild, Château Margaux e Château Latour, e italianos como Sassicaia e Ornelaia. O resultado da prova: deu Chadwick 2000 na cabeça e Seña 2001em segundo. Ele compara o desafio de escalar o Aconcágua e a disputa de uma degustação às cegas, contra pesos-pesados, em Berlim: “Nos dois casos, é preciso perder o medo”, define. “A primeira tentativa de subir o Aconcágua enfrentei uma tempestade de neve e tive de voltar, foi frustrante”, relembra. “Na prova de Berlim, eu não arrisquei nada, nossos vinhos não eram conhecidos, não tinha nada a perder.”
A partir daí, Eduardo Chadwick se firmou como uma estrela ascendente do mundo do vinho. Foi eleito pela revista inglesa Decanter como uma das 50 personalidades mais influentes do mercado e viu sua produção, e os preços de seus vinhos, crescer como cotação de barril de petróleo, com a vantagem adicional de não sofrer oscilações para baixo. “O objetivo desta prova foi mostrar que nossos vinhos são de classe mundial”, recorda Chadwick. “Fiquei surpreso, não achava que íamos ganhar”, explica com um sorriso de quem venceu. Depois desta, ele repetiu a prova diversas vezes, em mercados distintos, como São Paulo (2005, meninos e meninas, eu estava lá!), Tokyo (2006), Toronto (2006), Copenhagen e Pequim (2008). Em todas elas seus vinhos ficaram bem posicionados. Em São Paulo, perdeu para o Château Margaux 2001, mas ficou com honrosos segundo (Chadwick 2000) e terceiro lugares (Seña 2001). Não dá para falar aqui da batalha do tostão contra o milhão, pois se tratam de garrafas que custam respectivamente R$ 480,00 (Chadwick) e R$ 3.055,00 (Margaux 2001)!!!. “Meu objetivo não é ganhar sempre, mas mostrar que podemos estar entre os primeiros”, fundamenta. “Isso demonstra uma consistência tremenda de nosso vinhos.” As avaliações, uma espécie de franquia que crítico inglês Steven Spurrier que estreou o modelo em Paris, em 1976, e repetiu a dose com o produtor chileno, se tornou o My Way do repertório de Chadwick. Assim como Sinatra sempre tinha de incluir esta canção em suas apresentações, Chadwick retorna ao modelo sempre que quer ampliar seu mercado. É um maneira fácil de criar notícia, e mostrar ao mundo a qualidade de suas etiquetas. Chadwick conta que aprendeu com Robert Mondavi, recém-falecido produtor americano, que o marketing é tão importante quanto a produção. O produtor chileno aprendeu direitinho e virou um craque nas duas frentes. Em março do ano que vem, pretende realizar em Nova York uma prova em solo americano, desta vez incluindo dois rótulos consagrados da Califórnia, o Stag’s Leap e o Opus One. O Stag’s Leap, vale lembrar, foi o vinho que derrubou os franceces na citada prova de Paris, derrocando em solo gaulês os melhores Bordeaux e Borgonhas. Foi um choque. A história é contada em um livro delicioso: O Julgamento de Paris: Califórnia x França 1976 – A Histórica Degustação que Revolucionou o Mundo, de George M. Taber, único jornalista que cobriu o evento, que fez uma reportagem para a revista TIME (leia texto original). A versão em filme, com Jude Law, Hugh Grant e Keanu Reeves no elenco, estreou em agosto nos EUA com o sugestivo título Bottles Shock (veja site oficial).
Parabéns pelo blog, é um grande guia para os amantes do vinho. E esse Mapa do Vinho é um sistema realmente útil e bem feito que manterei sempre nos favoritos. See you!