A Alemanha é uma máquina de produzir vinhos brancos. Na Copa da África do Sul está se revelando uma máquina de fazer gols (4 x 0 contra Austrália; 4 X 1 contra a Inglaterra e 4 x 0 contra a Argentina) e mandar para casa fortes adversários com placar elevado. O técnico Joachim Löw é o maestro da equipe. Ele tem experiência como treinador, é um bom planejador e tem perfil mais contido, ou seja, europeu. A riesling é uva que representa a excelência dos brancos alemães. É uma variedade elegante, mineral, com aromas de petróleo e acidez presente. É também muito versátil e apresenta baixos índices de graduação alcoólica em um mundo cada vez dominado por caldos potentes. Gera tanto vinhos secos como outros de variados graus de doçura, alguns de tomar de joelhos. É a uva queridinha dos enófilos e dos especialistas que consideram alguns exemplares alemães os campeões da taça do mundo do vinho branco. Para o crítico Hugh Johnson, a variedade é singular, com características únicas: “Somente um riesling é capaz de gerar um vinho com intensa consistência com apenas 7,5 graus de teor alcoólico”.
A Argentina é um celeiro de vinhos tintos. Na Copa da África do Sul impressionou nos primeiros jogos e caiu de quatro, literalmente, diante da Alemanha (0 x 4). O técnico Diego Maradona foi comandante e animador do time – uma espécie de parlapatão de terno. Histriônico, beijoqueiro e expansivo, trouxe a força de seu personagem como jogador para o palco do treinador. A malbec é a uva emblemática da Argentina (apesar de ter sua origem na região de Cahors, na França). É uma variedade capaz de produzir tintos jovens e simples ou garrafas mais complexas e raras. Na grande maioria são vinhos muito previsíveis, doces na boca, concentrados e muitas vezes alcoólicos e potentes, um floral evidente ao extremo e certo abuso da madeira – à sua maneira são histriônicos como Maradona. Misturados com outras variedades, trazem boas surpresas. Em vôos-solos, vinificados com cuidado e com o bom uso do barril e da extração, podem ser intensos e profundos e com muita fruta gostosa. Para Nicolás Catena Zapata, talvez o expoente máximo da uva na Argentina, “a malbec de vinhedos de altitude pode atingir um nível excepcional de concentração e complexidade, com sabor doce e maduro no palato e uma textura suave e aveludada”. Uma combinação rara, segundo ele.
Mas nesta semifinal da Copa do Mundo, forçando um paralelo – confesso que oportunista – entre o mundo do vinho e o futebol, a elegância e versatilidade da riesling alemã deu um baile na previsível e fanfarrona malbec argentina. Foi uma disputa de um exemplar de primeira linha da região de Rheingau contra um malbec mais genérico, de rótulo caprichado mas de conteúdo pouco expressivo. A riesling continua e a malbec volta para casa.
Na copa dos vinhos, agora a cepa alemã enfrenta o tempranillo espanhol. Vai ser a disputa da “Potência x Elegância”. Em quem você aposta?
GOSTO DE VINHOS E TENHO INTERESSE EM CONHEÇER MELHOR SOBRE VINHOS E COMO ESCOLHER.
Eu estou fazendo um trabalho sobre vinhos na faculdade e acabei achando o seu blog no google. Gostei bastante. Ele está me ajudando muito. Mas se tiver alguma dica de vinhos clássicos e indispensáveis eu agradeceria. =) Mais uma vez, parabéns pelo blog.
Comparar vinho branco com vinho tinto não faz sentido.
Legal, né?
Mas uma pra aprender: “Aroma de petróleo”…Onde é que o cara conseguiu achar petróleo para cheirar? Beto Gerosa, dá um tempo!
Espero que o tempranillo vença o riesling amanhã