O sommelier, o maitre ou mesmo o garçom chega com o menu aberto, se coloca à sua frente e pergunta à queima-roupa: “Gostaria de escolher um vinho?”
Se você conhece e aprecia tintos e brancos, problema zero. A carta de vinhos é um catálogo dos rótulos à sua disposição na adega – a escolha é uma conseqüência de seu conhecimento e uma tradução de seu desejo naquele momento. O problema é que, para a maioria dos pobres mortais, este cardápio de rótulos traz mais desconforto do que orientação.
A reação mais comum é abrir aquele sorriso amarelo e admitir humildemente que não entende nada de vinho. Ok, os profissionais estão aí para aconselhar e orientar sua escolha. Mas se a ocasião for um almoço de negócios você não vai querer mostrar ignorância diante de seu convidado; se for um jantar romântico, a escolha de um bom vinho é um ingrediente a mais na sedução de sua (ou seu) parceira(o).
As cartas de vinho, assim como a crase, não estão aí para intimidar ninguém. Basta saber a forma correta de usá-las. O Blog do Vinho reuniu algumas sugestões para ajudar os neófitos a se dar bem diante de seus convidados Afinal, escolher o vinho ideal para a refeição de negócios ou aquele encontro amoroso também é uma forma de valorizar o momento.
Quer pagar quanto? – Primeira regra de ouro. Estabeleça um limite de gasto. Nem tão barato que pareça avareza nem tão caro que comprometa o orçamento e soe elitista. Mas não seja tão rigoroso, muitas vezes um pequeno acréscimo de dez ou vinte reais pode mudar de patamar a qualidade do rótulo selecionado. Tenha em mente porém que o preço nos restaurantes tem uma boa margem em relação à etiqueta das lojas e importadoras. Portanto, não fique reclamando para seu convidado dos valores da carta e nem comparando com o preço da prateleira. É, no mínimo, deselegante.
Não tenha pressa – Alguns garçons e sommeliers devem cronometrar, por puro sadismo, o tempo entre a entrega da carta e o pedido do vinho. Em geral, o tempo não é suficiente nem para você passar da primeira página do menu, lembrando que alguns cardápios são praticamente da mesma espessura dos catálogos das importadoras. Para escapar desta arapuca, reaja com calma e explique que antes de selecionar o rótulo vai escolher os pratos. Ponto a seu favor. o fato de demonstrar que se preocupa em harmonizar a comida com o vinho mostra que você tem alguma intimidade com o assunto, mesmo que seja um blefe.
Há cartas e cartas – Dependendo da carta de vinhos, há ums estratégia diferente de seleção. As que mais intimidam os consumidores são aquelas que simplesmente listam os rótulos, organizando no máximo por país. Não há qualquer dica. Outras classificam os vinhos como leves, médios ou potentes. Algumas, mais didáticas ainda, descrevem as características do produtor, da uva e do vinho e ainda propõem harmonizações. Uma mão na roda numa situação de embaraço.
RP, WS, Tre Bicchieri – Desconfie das rótulos com pontuações dos críticos em destaque. Um vinho com 95 RP (Robert Parker) ou 94 WS (Wine Spectator) ou com distinção no guia italiano Gambero Rosso são garantia de qualidade (nem sempre, vai), mas geralmente custam os olhos da cara. Afinal, o primeiro efeito de uma boa pontuação destes übercriticos é a inflação do preço, geralmente desproporcional à qualidade a mais que distinção entrega.
Tinto ou branco? – Pergunte ao seu convidado se prefere um tinto ou um branco. Antes de cometer alguma heresia, no entanto, siga algumas regras básicas: se estiver numa churrascaria, pule esta parte e encare logo a lista dos tintos. Se o restaurante for de pescados, o branco é quase uma obrigação. Massas italianas regadas a molhos vermelhos também pedem um tinto, de preferência não muito potente. Por fim, indague se tem predileção por algum país. Se o seu interlocutor tiver uma preferência, já dá para separar alguns rótulos da lista.
Não se arrisque – Este não é o momento de buscar novidades. Concentre sua atenção em rótulos mais conhecidos, em uvas internacionais. Lembre-se, seu objetivo não é surpreender, é não errar. Prefira as variedades tradicionais e mais conhecidas. A chance de acertar o paladar do seu convidado é tanto maior se você navegar por uvas do tipo blockbuster. Tintos? Cabernet sauvignon, merlot, carmenère (para os chilienos) e malbec (para os argentinos) – estes dois últimos fazem sucesso entre os consumidores brasileiros. Brancas? Chardonnay e sauvignon blanc, e olhe lá. Deixe para se arriscar entre amigos ou em outro tipo de ocasião.
Vinhos portugueses em restaurantes idem – Soa meio óbvio, mas em um restaurante especializado na culinária de algum país, escolha um vinho daquela região do mundo. Numa casa especializada em bacalhau, por exemplo, a chance de a carta ter uma boa variedade de rótulos portugueses é maior. É a escolha por afinidade, mesmo ferindo a regra anterior das uvas conhecidas, ou você é doutor em antão vaz, baga e touriga nacional, cepas de origem lusitana? A lógica vale para todos os restaurantes especializados: sejam eles franceses, portugueses ou italianos de alta gastronomia. Nem sempre funciona, porém. Em pizzarias e cantinas italianas é mais comum a lista de vinhos ser repleta de opções chilenas e argentinas por conta da variedade e preço. Aí vale a equação uvas mais conhecidas X valor.
Barato pode sair caro – Evite o rótulo mais barato da casa, mas se for esta sua opção não demonstre que este foi o critério. Nunca alardeie que a opção foi pelo menor preço. Justifique sua indicação com rasgos e elogios ao produtor, ao país, à uva ou à harmonização desejada. Se não der certo, culpe a safra. Se o vinho agradar, o baixo custo não vai fazer diferença, se for um fiasco, porém, sua sovinice ficará explícita e pode deixá-lo em maus guardanapos…
Recomendação da casa – Fuja da seleção do sommelier ou da adega especial da casa, geralmente destacada na primeira folha da carta de vinhos, muitas vezes com um moldura dourada. São os vinhos mais caros do restaurante e nem sempre combinam com os pratos, muito menos com o seu bolso.
Escolhendo o vinho, afinal – Após escanear a carta, escolher os pratos e fazer uma triagem inicial, concentre-se em dois ou três rótulos e finalmente aconselhe-se com o sommelier. Você mostra que valoriza o conhecimento do profissional, mas também demonstra que sabe o que quer e quanto está disposto a pagar. Mas não peça para ele escolher o vinho, mas sim para discorrer sobre as características de cada rótulo e apontar qual seria o mais adequada para aquela ocasião. Aí sim, aceite sua recomendação. E ao provar o primeiro gole mantenha o estilo. Gostando ou não do vinho, confirme a escolha com uma simples manear de cabeça e uma frase curta: “Está ótimo!”. E sorria.
adorei a materia , me ajudou muito !!!
Olá!
Muito oportuno este esclarecimento sobre como escolher um vinho conforme a ocasião.
Devemos entender que nós Brasileiros não temos como hábito o uso deste precioso “alimento”
e temos muito que aprender.
O que sabemos que o consumo de cerveja e cachaça é marca registrada desta nação e como tal achar um bebum a qualquer hora é a coisa mais fácil. Mas, graças a DEUS, estou a mais ou menos uns 6 anos que degusto uma taça de vinho diariamente.
Minhas preferências: Marcus James, Periquito, Dão, Santa Carolina, Casal Garcia e ultimamente alguns vinhos Argentinos e Chilenos que estão na faixa de 13 a 21 reais.
Estou realmente tentando aprender mais sobre esta maravilha -O VINHO – .
Ótima reportagem. Muito inteligente. Aprecio vinhos desde os 8 anos de idade. Sempre respeitando o limite de R$100,00. Acima deste patamar meus ganhos proíbem. Raros foram os momentos em que minha preferência foi superada. E tal preferência continua a mesma, ou seja, Marcus James ou Forestier, safra 3 ou 4 anos passados. Acompanham com perfeição meus charutos americanos Phillies sabor chocolate, de apenas R$4,00. Portanto, das duas uma: ou meu paladar já foi pro buraco a muito tempo e só sobrou mau gosto, ou vai aí uma importante lição, à saber, a sensibilidade e o prazer são subjetivos e individualizados. Considerando a minha idade, já mais pra lá do que pra cá, suspeito que a primeira hipótese seja a mais provável.
Putz! Nunca vi uma materia tao barata! E’ uma aula de “como-fazer-figura-usando-o-vinho”, bem tipica de brasileiro emergente (seja economica ou pseudo-intelectualmete). Caraca, se eu me interesso realmente por uma “arte”, no caso a degustaçao, ou eu me intero realmente em saber do que se trata, ou me entrego às orientaçao do profissional competente pra isso. Agora, se eu nao tenho grana pra seguir à risca as orientaçoes do profissional, pelamordeDeus!! Nao existe nada mais brega do que querer se mostrar diferente do que se é pra, supostamente, agradar aos outros. Sr Jornalista, me faça o favor, nao contribua ainda mais pra esse tipo de mediocridade. O seu papel é muito importante pra sociedade, use-o para educar, e nao pra ensinar as pessoas a agirem mediocremente.
Cara amiga Marina, seu comentário sobre essa matéria ficou no mínimo fútil, vc quiz dar uma de entendida no quesito VINHO e realmente estrapolou todos os limites da ignorância.
Primeiramente a reportagem é de grande valia sim, não vou dizer que são as melhores dicas do mundo mais é básico para quem não conhece muito de vinho, hoje existem restaurantes com cartas de vinhos que mais parecem uma Bíblia e pra quem não conhece nenhum vinho que esta na carta fica dificil a escolha, lhe garanto que perguntar a um profissional o que ele sugere é jogar dinheiro fora na maioria das vezes tendo em vista que eles vão sempre opinar pelo mais caro ou por aquele que lhes rendem mais lucro, conheço muito de vinhos, conheço também a forma que a maioria dos restaurantes trabalham por estar no ramo a mais de 20 anos, posso garantir com toda certeza que os profissionais que trabalham com vinhos na maioria dos restaurantes do Brasil nunca degustaram mais que 50 % dos vinhos que eles tem nas cartas principalmente vinhos importados, sendo assim cara amiga, como vc vai optar pela indicação de um profissional desses e mesmo que esse profissional conheça todos os vinhos que tem na carta o seu paladar não é o mesmo do dele, o vinho que ele acha maravilhoso pra vc pode ser horrível, vinho é paladar, caso vc não saiba, até seu estado de espírito pode mudar o seu paladar para com seu vinho preferido….
Depois disso tudo que o amigo do blog informou só me resta dizer que caso vc não entenda de vinho, caso não costume beber vinho com frequência e pra ajudar não tem na carta do restaurante que vc esta aquele vinho que vc conhece e sabe que é de seu gosto, de duas uma, ou vc se arrisca e pede orientação somente para a haminização com seu prato ou não tenha vergonha de perguntar se o restaurante tem algum dos vinhos da carta para degustação, caso não tenha se arrisque a pedir o que for conveniente a seu bolso pois se vc não gostar não vai perder muito…
Pra finalizar digo que, vc nunca deve sair desmoralizando ninguém sem entender do assunto mais do que esse alguém.
REPITO O QUE FALEI ACIMA “VINHO É PALADAR” O MEU VINHO PREFERIDO POR EXEMPLO É O “CABERNET SAUVIGNON da VINÍCOLA CRISTALLE DE CAXIAS DO SUL QUE PAGO NO MERCADO EM MÉDIA R$ 18,00 A GARRAFA, ATÉ EXPERIMENTAR OUTRO MELHOR PRO MEU PALADAR FICO COM ESSE….
PARABÉNS AO DONO DO BLOG PELA MATÉRIA…PRECISAMOS REALMENTE DESMISTIFICAR A FORMA DE BEBER VINHO, NINGUÉM DEVE INFLUENCIAR NA SUA ESCOLHA DO VINHO….UNS GOSTAM DE BRANCO OUTROS DE TINTO, UNS GOSTAM DE FINOS OUTROS PREFEREM OS DE MESA, UNS GOSTAM DE SECO E OUTROS ADORAM UM VINHO SUAVE, UNS GOSTAM DE IMPORTADOS OUTROS NÃO TROCAM OS NACIONAIS QUE DIGAMOS DE PASSAGEM NÃO PERDEM EM NADA PROS IMPORTADOS..
ABRAÇOS A TODOS….ADEMIR (SC)
Bom, pra suavisar, a parte das dicas de como escolher um vinho é a unica coisa que deveria de fato terem sido publicadas. 😉
Mariana
Não precisa suavizar. Aqui tanto as críticas como elogios são bem recebidos. Navegue pelo resto do blog e acho que você encontrará algumas referências que tentam ajudar a “educar” quem se interessa por vinho. O importante é manter o bom humor, não é?
Obrigado pela participação
Beto Gerosa
Bem bacana a matéria. Abraços!
Esclarecedora essa matéria. Os iniciantes não ficarão perdidos frente a uma carta de vinho!
O artigo publicado – como todos desse blog – é de extrema qualidade e lucidez, sempre aliado ao conhecimento e à notória experiência do autor do texto.
Os conselhos do Beto Gerosa de como escolher um vinho no restaurante são muito válidos. E são conselhos e não regras fixas! Por isso, é desnecessária a revolta de alguns leitores por não concordarem com as dicas sugeridas!
Abraço a todos!
NA MINHA OPINIÃO, O MELHOR VINHO É AQUELE QUE VOCE BEBE E CORRESPONDE À SUA EXPECTATIVA E GOSTO PESSOAIS. O MELHOR VINHO PARA ALGUÉM, PODERÁ DEIXAR A DESEJAR PARA VOCE. ENTÃO, A PRIMEIRA E ÚNICA REGRA PARA ESCOLHERMOS UM BOM VINHO, INDEPENDETEMENTE DE CARTAS, OPINIÕES, SUGESTÕES E ETC : O MELHOR VINHO DO MUNDO É AQUELE QUE EU GOSTO DE BEBER.
Concordo !!eu que como um bom churrasco todo o fim de semana,tomo vinho bordô tinto seco de garrafão e olha que tem domingo que um só não dá,como é que vou tomar de garrafa??não tem grana que alcance!!a sempre vai uma boa cachacinha da roça só pra dar aquela tonturinha legal !!>>>>