Recente post neste Blog do Vinho, e respectiva chamada na capa do iG, gerou o seguinte comentário do Fabrício:
“IG precisa de conteúdo urgente! O que um BLOG DE VINHO pode agregar a vida de um povo que na sua imensa maioria não tem um prato decente de comida todos os dias?”
O comentário provocou a resposta de outro frequentador deste espaço.
“Bem, Fabrício, o sol nasce para todo mundo. Então, esse espaço é reservado àqueles que se dão ao direito de consumir um vinho quando podem. Sorte de quem pode! E isso não desprestigia os que não podem. Seja mais tolerante! Esse blog é de um nível mesmo superior, talvez seja este o motivo por não ter se encontrado aqui. Com um abraço por dias melhores”, Guilherme.
Parece uma discussão estéril e fora do contexto em um espaço reservado aos tintos, brancos, espumantes e fortificados de todos os naipes, e para a discussão da bebida. Mas tanto a bronca do Fabrício como a defesa do Guilherme me levaram a uma reflexão: Por que escrever – e ler – sobre vinho? E a nove tentativas de respostas.
1. A mais simples. Por que eu gosto de vinho, e os leitores que frequentam este espaço também. Em primeiríssimo lugar está o prazer em beber o vinho, depois o prazer de conhecer mais sobre ele. Aprender sobre vinhos é um ato voluntário e não obrigatório.
2. Por que há milhares de rótulos para conhecer. E escrever, e ler, sobre vinhos significa acumular informações para realizar nossas próprias escolhas, baseadas em nosso próprio gosto! Informação – e litragem – são fundamentais para ganhar confiança no paladar e nas escolhas.
3. Por que o vinho que valoriza a comida torna a experiência mais completa, e aprender a melhor combinação é um exercício intelectual, gastronômico e prazeroso.
4. Por que o vinho está sempre mudando. Todo ano traz novas experiências, mesmo que seja o mesmo rótulo de sempre, da mesma uva. O produtor tem uma chance por ano para realizar seu trabalho, depende dos caprichos da natureza, das manhas da uva, da chuva e da falta dela. E por fim do resultado na adega. Esta é a magia que difere o vinho de todas as bebidas e que se traduz em milhares de textos escritos no papel e no digital.
5. Por que há sempre novas descobertas, surpresas, regiões e uvas para serem conhecidas, comentadas e compartilhadas.
6. Por que vinho é de fato um assunto complicado se você deseja se aprofundar. E uma das propostas mais falsas sobre vinho são aqueles livros e autores que prometem desmistificar o vinho, mas precisam de mais 300 páginas para tentar cumprir a tarefa. Talvez a tarefa possível seja trocar experiências e impressões, sem querer impor uma opinião. É o que eu me proponho.
7. Por que grandes vinhos são sempre de grandes regiões, com microclimas e solos com condições favoráveis ao cultivo de determInada variedade de uva. O vinho é a tradução de um lugar, de sua origem. Fruto da experiência e do trabalho do homem, às vezes durante séculos, em busca do seu estilo.
8. Por que o vinho excepcional é aquele que proporciona prazer ao paladar e nos instiga intelectualmente. Mas principalmente servem para nos dar prazer. Vinhos complexos são aqueles com perfis aromáticos e gustativos com muitas camadas, várias descobertas e mudanças na taça à medida que a garrafa esvazia. São caldos que nos instigam a descrevê-los, compratilhá-los. Não se trata de um problema filosófico, mas com certeza faz fronteira com a arte.
9. Por que há momentos na nossa vida que são especiais, e merecem um brinde. E nada melhor que um bom vinho para isso.
E por que não dez respostas? Por que um decálogo soa como definitivo, algo como um vinho de 100 pontos do Robert Parker. E um vinho nunca é definitivo, é sempre uma bebida com uma dose de subjetividade, que se transforma e se dilui com o tempo. Por isso o vinho gera mais perguntas e argumentos do que respostas.
Putz, criei a décima razão!
Publicado originalmente em novembro de 2012
“…Esse blog é de um nível mesmo superior, talvez seja este o motivo por não ter se encontrado aqui. Com um abraço por dias melhores”, Guilherme.”
É o tipo de comentário arrogante, prepotente, vaidoso e imbecil que, ao invés de aproximar pessoas do prazer e da alegria que o vinho pode trazer, criam preconceitos e afastam as pessoas.
Será que tomar vinho realmente torna as pessoas melhores?
No seu caso, a resposta é não !…
Certamente não torna as pessoas melhores mas, convenhamos, os dois comentários foram infelizes a meu ver.
Quer dizer então que porque existem problemas no país ninguém pode pensar em lazer ou prazer? Vamos então falar só de política e educação, nada de esportes, amenidades, fofocas.
Baita comentário desnecessário o do Sr Fabrício..
Não consigo encontrar o prazer em beber vinho neste país de verdadeira hipocrisia. Enquanto a maioria passa fome e muitos nem água limpa têm para beber ! É no mínimo algo muito egoísta !
Igual ao Guilherme, preconceituoso….NOJO…
Concordo com você José Filipe. Eu gostaria de saber se as pessoas que acham egoísmo sentir prazer em beber vinho (ou ter qualquer tipo de prazer) convertem o dinheiro que iriam gastar com isso em prol da maioria que passa fome e não tem água limpa para beber. Será?
Falar é fácil. Então, melhor baixar nossas armas e tentar ser felizes.
Saudações
Meus parabéns,ao blog.
Era tudo que eu precisava!!!!!!
Gostaria de ousar descrever a décima primeira razão, já que a décima já foi desenvolvida por acaso…. rsss
Vinho não tem fronteira, não tem status estaticamente definido, não é questão excludente.
A sua maior riqueza é este poder de envolvimento, onde está ao alcance de todos, da maneira possível até maneiras específicas, tudo de acordo com possibilidades infinitas…
Diferenças de opiniões é justamente o que deixa este assunto mais vasto e mais rico, pois do vinho de mesa do natal até a casta mais nobre de uvas, engarrafada em forma de raridade, a única coisa que difere é a sensibilidade, ou seja, torna-se fator tão relativo que qualquer discussão não passará de pontos de vista.
Um brinde aos amantes do vinho, um brinde as opiniões divergentes, um brinde a oportunidade de expressão, e por fim, parabéns ao idealizador deste espaço.
Olha, améi e para completar; tem uma frase que diz também o seguinte: MULHER É COMO VINHO, QUANTO MAIS TEMPO PASSA, MAIS APURADO E ESPECIAL FICA….. KKKK ..BJOS NOS CORAÇÕES DOS APRECIADORES COMO EU ,………DE VINHOS HEIM PESSOAL …KKKKK
OLÉ!
Adorei sua texto Beto!
Acho que o principal é dar prazer, no beber em si, e no compartilhar as idéias, impressões etc.
Eu estou com 44 anos e vivendo cada dia de forma mais simplificada e feliz rsrsrs. Vou de rodízio de 15,99 no Brás, harmonizando com caipirinha e água, a um restaurante da moda com um bom vinho. Tudo é possível ser bacana, “se a alma não é pequena”…
Super abraço
O que me deixa irritado, é o cara chato que faz uma aulinha de meia hora em um supermercado ou compra alguns livros sobre vinhos, apenas olha algumas páginas e já sai se achando um sommelier, um enólogo, um expert , um provador de vinhos, com direito a conselhos e recomendações, fala como um verdadeiro personal vineyard e passa a dizer as maiores bobagens que se possa imaginar. Muitos garçons e maitres também costumam fazer a mesma coisa, dando conselhos às vezes absurdos. Eu particularmente gosto de vinho tinto barbera “gelado” e chopp com um “dedo de colarinho” só. Gosto é gosto, mas para quem gosta de vinho, este certamente é um dos melhores casos que já ouvi: http://ainanas.com/lolllll/o-verdadeiro-conhecedor-de-vinhos/
Comentários infelizes hoje existem vinhos para todas as classes sociais, é obvio que aqueles que tem um nível social elevado apreciam mais, mas daí a dizer que o blog é para pessoas superiores é demais, façam uma visita o ibcc (instituto brasileiro de combate ao cancer) lá todas as pessoas são iguais, não tem superiores nem inferiores afinal a doença é a mesma….pena que no caso do superior guilherme o vinho dele é superior.
Mesmo eu sendo um pobre fudido admiro e muito a cultura do vinho. E espero um dia poder desfrutar do prazer de degustar maravilhosos vinhos.
Vinho não é mesmo coisa pra pobre…