17 de abril é o dia mundial do malbec. E qual a importância disso? Bem, é a data que a agência de promoção do vinho argentino, Wines of Argentina, escolheu para promover o consumo da malbec pelo mundo. Para os produtores argentinos significa divulgação na veia. Para o consumidor é uma oportunidade de conhecer mais sobre a uva símbolo do vinho argentino e aproveitar algumas ofertas que orbitam em torno do evento. No Brasil no dia 17 de abril também se comemora o “dia do vendedor de cd”. Como se vê, tudo é uma questão de pertinência e relevância.
Como instrumento de marketing a Malbec World Day, nome oficial do evento, funciona que é uma beleza. Olha nós aqui falando sobre o tema… Um sucesso que completa 10 anos. Tanto é que o modelo foi copiado mundo afora e hoje temos eventos para comemorar a grenache, o Jerez, a sauvignon blanc e por aí vai. Virou literalmente a festa da uva.
Lives em tempo de coronavírus
Todos anos neste dia acontecem em torno da malbec degustações, palestras, ações promocionais em diversas importadoras e um bom espaço de divulgação e compartilhamento nas redes sociais, mídias digitais e impressas. As palestras e degustações nestes tempos de quarentena do novo coronavírus foram substituídas por lives (nesta sexta-feira, 17 de abril de 2020, 19h30, por exemplo o enólogo-chefe da Catena e sócio dos fabulosos vinhos da El Enemigo Alejandro Vigil se virtualiza na página do Instagram da importadora Mistral @mistralvinhos)
Para o consumidor brasileiro, o Malbec Day é quase todo dia. Há uma percepção de ser um “vinho sem erro”. Em um estudo realizado pela consultoria inglesa Wine Intelligence, em 2017, a malbec era a uva tinta preferida dos brasileiros. Nos restaurantes o excelente trabalho realizado pela importadora Mistral com a marca Catena tornou a uva e a própria Catena sinônimo de garantia de qualidade da malbec por aqui (recente ranking da Drinks Magazine que elege todos os anos as 50 marcas mais admiradas do mundo colocou a Catena em primeiro lugar. Não que não mereça, mas é curioso estrear no ranking e já sentar na janelinha. Critérios, né?).
As importadoras, as marcas e as promoções
Quase toda importadora tem um malbec de grande expressão em seu catálogo. Altos Las Hormigas na World Wine; Salentein e Rutinni na Zahil, Suzana Balbo na Cantu, Zuccardi na Grand Cru, Lagarde na Ravin, Luigi Bosca na Decanter, Terrazas de Los Andes na LVMH, Tomero na Domno, La Mascota no Adega Pão de Açúcar. A lista é longa. Se você clicar em qualquer um desses links das importadoras, ou buscar algo nos grandes e-commerce de vinho (E-vino, Wine.com, Sonoma, Eniwine) deve topar com ofertas de rótulos relacionadas ao Malbec Day. Até importadoras que trazem Cot ou Malbec franceses entraram na onda do Malbec Day, como a Edega com seu Château du Cedre 2011, de Cahors. Todos são, na minha opinião, produtores altamente recomendados para quem quer conhecer e ou desfrutar o que que é a malbec tem.
A uva malbec ocupa 37% dos vinhedos na Argentina, em especial em Mendoza, o que torna a região uma espécie de Malbeclândia. Originária da região de Cahors, no sudoeste da França, onde é (ou era) conhecida pelo nome de “cot” e onde é (ou era) mais rústica e tânica, foi chamada no início pelos viticultores argentinos de “uva francesa”. Outra doce ironia do tempo: a “uva francesa” virou “uva argentina” – a hashtag da campanha não deixa dúvidas: #MalbecaAgentino. A malbec se adaptou ao solo do país e mudou sua característica francesa entregando um vinho mais macio, frutado, perfumado e versátil.
5 Malbecs para beber em casa
Este blog já dedicou algumas telas ao vinho argentino, em especial àquele elaborado com a uva malbec. (Para ler mais, clique nos links espalhados ao longo do texto) Razões não faltam: é a uva mais apreciada e aparentemente conhecida do consumidor brasileiro. Tem uma oferta enorme de rótulos e preços e uma variedade interessante de estilos. Desde o malbec mais potente, parceiro do churrasco até o mais leve, sem madeira, que torna mais fluido o consumo. Novas fronteiras são testadas, misturas com outras uvas são experimentadas num laboratório permanente em busca de expressão da fruta e de seu terreno de origem.
Um outro motivo deste Blog do Vinho dedicar muito espaço ao malbec é por que este palpiteiro aprecia bastante a variedade e, por conta de todos os argumentos acima, consome frequentemente algumas garrafas deste cepa. Há muitas indicações de variados malbecs provados ao longo dos anos em viagens nos posts passados. Mas neste Malbec Day vou limitar minhas recomendações a um perfil de um vinho mais fresco, com pouca ou nenhuma influência de madeira, com uma pegada mais versátil para acompanhar diversos pratos ou apenas para melhorar uma conversa (virtual ou presencial).
Punto Final
Produtor: Bodegas Renacer
Uva: malbec
Região: Mendoza, Valle de Uco e Luján de Cuyo
R$ 60,00
Derrubei duas garrafas deste vinho recentemente em minha quarentena (nós que ainda temos condições de beber vinho neste período somos privilegiados, nunca é demais esquecer). Um malbec moderno e gostoso de beber, sem complicações, sem estágio em madeira, com um floral típico da casta (violeta) em que a fruta se destaca. Ideal para beber jovem. Curinga. Vai muito bem com pizzas e massas.
Pireko 2016
Produtor: Spielmann Estate
Uva: Malbec 100%
Região: Mendoza, Luján de Cuyo, Perdriel
R$ 83,00
Importação do produtor
Pepe Galante, um dos grandes nomes do vinho argentino, é o maestro aqui. E ele encontrou um bom material para trabalhar. O vinhedo de 1910 de pé-franco (não usa enxerto) está localizado na subregião de Perdriel. O rótulo mais simples (e lindo) da linha Spielmann é uma delícia de beber. Tudo que um malbec jovem devia ser: fresco, redondo, descomplicado, pura fruta. Um convite para mais uma taça.
Luna Malbec 2018 Syngle Vineyard
Produtor: Finca La Anita
Uva: 100% malbec
Região: Mendoza, Agrelo
R$ 79,00
Importador: TDP Wines
Um malbec jovem de entrada mas com origem em vinhedos únicos. Um malbec típico de Agrelo, sob responsabilidade do enólogo suíço Richard Bonvin. Na boca tem mais estrutura, frutas mais doces, uma pegada de potência mas bem equilibrada, o que leva necessariamente para a harmonização com assados.
Hey Malbec 2018
Produtor: Riccitelli Wines
Uva: 100% malbec
Região: Mendoza, Lujan de Cuyo e Valle de Uco
R$ 120,00
Importador: Wine Brands
Num tempo em que precisamos usar máscaras para garantir a sobrevivência, nada melhor que um vinho com um rótulo de um super herói mascarado como o Hey Malbec. O enólogo Matias Riccitelli é um defensor de vinhos que expressam os vinhedos e a pureza da fruta; elabora caldos vibrantes e prazerosos e, por que não, divertidos. Este é afinal o objetivo principal do vinho: nos divertir.
Leia também: Weinert, um vinho argentino para quem gosta de tintos mais envelhecidos
Alto Las Hormigas Malbec Terroir 2016
Produtor: Alto Las Hormigas
Uva: 100% malbec
Região: Vale do Uco
R$ 152,00
Importador: World Wine
Para fechar a seleção de malbecs em seu dia, um vinho orgânico. Alto Las Hormigas é uma bodega argentina com um verniz italiano: o lustre é dada pelo enólogo Alberto Antonini. Resultado: produtos com uma boa carga de frescor. O Alto Las Hormigas Terroir traz algo mais: aquela carga de frutas maduras, um toque defumado (apenas 25% do vinho estagia em barricas de carvalho por 12 meses) e uma boca macia e boa persistência no final.
Beba malbec. Mas beba em casa.#malbecargentino