São Paulo entrou no circuito dos leilões beneficentes de vinhos raros. A Childhood Brasil, ONG que combate a exploração sexual infantil criada pela rainha Silvia, da Suécia, promove nesta quinta-feira (2) o seu na Casa Fasano. São 140 vinhos, distribuídos em 61 lotes – totalizando 270.000 reais –, apresentados pelo sommelier Gianni Tartari em um catálogo repleto de informações e ilustrado com belíssimas fotos das garrafas.
O portfólio, dominado por rótulos de Bordeaux, impressiona. Só de safras do Château Haut-Brion, um primier grand cru classé da sempre citada classificação de 1855, são oito: 1966, 71, 75, 88, 93, 94, 98 e 2000. Esta última, a mais cara, com lance mínimo de R$ 4.480,00, merece os seguintes comentários de Gianni Tartari: “Elegância, densidade e profundidade de aromas frutados como ameixas, frutas negras, cerejas, grafites e sutis toques de carvalho revelam um vinho puro e extraordinário”.
Desfilam ainda entre os lotes preciosidades como Château Cheval Blanc, Château Margaux, Château d’Yquem, três safras do Châteaux Petrus, entre outros, além de clássicos italianos e espanhóis. Curiosamente, o rótulo com o lance mínimo mais alto (R$ 4.900,00) é um italiano de alma bordalesa. Trata-se do Sassicaia 1985, considerado por Gianni “um dos melhores vinhos do mundo!” e também uma raridade.
As garrafas foram doadas de coleções particulares. Uma página de agradecimentos especiais no final do catálogo dá uma pista de quem foram o beneméritos. Gente de grana, claro. Serão arrematadas por enófilos com o mesmo, ou maior, poder aquisitivo. Ou seja, os vinhos pagam uma espécie de pedágio para voltar para as mãos dos mesmos colecionadores endinheirados, mas com RG diferente. Mas é por uma boa causa.
Aí o leitor deste blog pode se perguntar? Mas o que eu tenho a ver com este mundo inacessível? Muito, eu arriscaria. Estes vinhos, praticamente inatingíveis, funcionam como um fetiche para o apreciador de tintos e brancos. Assim como um fanático por automóveis é capaz de descrever cada curva da carroceria de uma Ferrari, sua capacidade de torque e outros detalhes técnicos – e jamais sequer entrará em uma máquina dessas -, o amante de vinhos sabe tudo sobre a história, os terrenos, as uvas e as safras mais importantes dos grandes vinhos. Mesmo que jamais consiga prová-los.
Claro que a probabilidade de alguns destes raros caldos passar pelo seu nariz e descer gloriosamente pela sua garganta é bastante ínfima. Diria que há poucas chances. A não ser que:
1 . Você ser rico (não me parece que muitos leitores se encaixam nesta categoria)
2. Você ter uma amigo rico (de preferência uma amigo rico em sua confraria)
3. Você trabalhar com isso (aí se enquadram os sommeliers, especialistas, críticos e até alguns jornalistas)
4. Você participe de uma degustação de vinhos top de linha (você acaba desembolsando o equivalente a uma fração da garrafa e pode bater no peito e dizer entre os amigos: eu já provei um Pétrus! E até desdenhar -difícil, mas possível: “Não achei nada demais…”)
Então, quem dá mais?
possuo para avaliação vinho raro da casa domecq,tinto espanhol de 1941.Como avaliar para leilão ou venda?