Este blog se propôs a listar quinze sugestões para turbinar sua experiência com o vinho – um projeto de puro prazer para 2011. Missão cumprida agora com a publicação dos cinco últimos tópicos. Se você acompanhou os dois últimos posts da série, vá direto para a a dica número 11 (Experimente um rótulo mais antigo). Se chegou aqui pela primeira vez, basta ler na sequência as 15 sugestões e colocar em prática aquilo que fizer sentido para você aproveitar melhor o seu vinho – neste e os próximos anos.
1/15 – Faça um curso de vinho
Nove entre dez consumidores costumam argumentar que adoram vinho, mas não entendem muito do assunto. Um curso básico é sempre uma maneira fácil de organizar o conhecimento e obter informações que vão ajudá-lo a escolher melhor sua próxima garrafa e a compreender as características de cada região, as diferenças entre as uvas e a história de cada país. Há cursos variados em associações, importadoras, lojas de vinho e até restaurantes Confira na lista abaixo alguns destes lugares.
ENTIDADES Associação Brasileira dos Sommeliers A ABS São Paulo mantém um cronograma de cursos básicos e avançados e oferece boa infra-estrutura para degustações. São oito aulas para quem pretende se iniciar no mundo do vinho (R$ 840,00). Informações: ABS
A ABS também mantém afiliadas com agenda de cursos e degustações em Brasília, Campinas e Rio de Janeiro.
Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho Na Sbav, a mais antiga das associações de vinho do país, o curso básico é de 4 aulas (R$ 390,00). Informações: Sbav
A Sbav possui grupos com agenda de cursos e degustações em São José dos Campos, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Senac O Senac tem cursos básicos de vinho com carga horária de quinze horas e também cursos profissionalizantes para sommeliers. Faz parte do material didático o livro Vinhos: O Essencial, de José Ivan dos Santos. O Senac ainda tem unidades espalhadas pelo Brasil com cursos de especialização, harmonização e básico de vinho.
Informações: SenacSP e Senac Brasil
PARTICULARES
Belo Horizonte
Belo Vinho Curso de Iniciação à Degustação de Vinhos em dois dias com degustação de onze vinhos. O livro Vinho Sem Segredos de Patricio Tapia está incluído como material de referência.
Informações: Belo Vinho
São Paulo
Ciclo das vinhas A sommelière Alexandra Corvo mantém um simpático e acolhedor espaço para cursos e degustações temáticas. Alexandra é craque em passar a informação de forma simples e descontraída. Informações: Ciclo das Vinhas
Degustadores Sem Fronteiras O consultor, autor de livros e diretor da Sbav-SP Aguinaldo Záckia Albert organiza viagens, degustações e palestras para quem deseja expandir seu conhecimento. Informações: Degustadores Sem Fronteiras
Rio de Janeiro
Escola Mar de Vinho O premidado crítico Marcello Copello dá cursos em sua escola no Rio de Janeiro, e palestras temáticas, como “Degustando com Sinatra”, e outros temas. Informações: Escola Mar de Vinho
Rio Grande do Sul
Escola do Vinho Miolo A vinícola Miolo, com sede em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, tem uma agenda variada de cursos que também são realizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Porto Alegre. Informações: Miolo Curso de Degustação Salton Outra grande vinícola nacional que oferece cursos em seu auditório, no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves. Informações: Salton
Aulas em vídeo pela internet
Outra opção para quem, como você, é um ser digital é acompanhar as lições em vídeos on-line, mestres interncionais como Jancis Robinson Canal dos vídeos de Jancis no Youtube, Oz Clark Site oficial do programa, Gary Vaynerchuk Canal do programa Wine Library têm páginas disponíveis na rede.
Leia mais sobre cursos no Blog do Vinho
2/15 Compre um rótulo mais caro
Ok, o melhor de conhecer um pouco mais de vinho – e os cursos acima são apenas uma das maneiras de fazer isso – é não precisar gastar uma fortuna para degustar um bom rótulo. Mas, sendo muito sincero, os grandes vinhos são um pouco mais caros mesmo. E depois que o consumidor sobe um pouco a régua da qualidade é difícil voltar atrás. Os caldos mais bacanas são resultado de uvas selecionadas, e mais caras; de terrenos mais nobres, com um cuidado quase artesanal na vinificação e envelhecimento em barris de carvalho (no caso dos grandes tintos). Claro, muitos rótulos aproveitam-se do sucesso para cobrar exorbitâncias, mas não é deste tipo de vinho que estamos tratando aqui.
Então, você pode se presentear, de quando em vez, com um bom rótulo, gastando um pouco alem do que está acostumado. Às vezes 30, 50 reais de diferença fazem a diferença. 100 reais fazem toda a diferença. Outra opção é trocar duas ou três garrafas de preço médio por outra mais especial. Se for um daqueles rótulos na casa das centenas, uma boa alternativa é dividir o preço da etiqueta com os amigos, tanto na hora de meter a mão no bolso quanto no doce momento de prová-lo. Mais barato e divertido. Aumenta seu cardápio de possibilidades e não ofende o orçamento de ninguém.
3/15 Visite uma vinícola
O chamado enoturismo é um segmento da indústria do vinho que vem crescendo no Brasil e no mundo. Viagens podem ser organizadas em grupos ou fazer parte de um pacote turístico. Pela proximidade, e profissionalismo, as vinícolas do Chile e Argentina oferecem muitas ofertas. No Brasil, o movimento também cresce na região de Bento Gonçalves. Mas não exagere no número de produtores. Depois da terceira visita a uma vinícola, os barris de madeira empilhados na adega que tanto impressionam na primeira vez começam a perder a graça e mesmo o discurso dos enólogos e guias sobre a importância da qualidade da uva e o detalhamento do processo de vinificação começam a ficar repetitivos. O melhor da festa são as degustações. Aproveite para provar rótulos novos, lançamentos e quem sabe participar de uma degustação mais longa acompanhada da culinária local e do enólogo que pode explicar sua criação.
4/15 Harmonize vinho e comida
Toda vez que um especialista ou um apaixonado tenta falar em harmonização entre um vinho e uma comida a maioria leiga em volta torce o nariz, suspira com desdém, e decreta que o sujeito é um exibido gastronômico. Uma boa maneira de tentar provar se a harmonização é um conceito válido ou apenas uma afetação de experts é fazer a experiência com um grupo de amigos. Diante de um prato de massas com molho vermelho, por exemplo, prove pelo menos três tipos diferentes de tintos; um Chianti italiano (feito com a uva sangiovese), um merlot brasileiro e um cabernet sauvignon chileno. E aí tire suas conclusões. Fica claro como cada estilo de vinho tem um efeito diferente com a comida. O processo pode se repetir com um churrasco (aconselho dividir os nacos de carne com um malbec argentino, um tannat uruguaio e um tempranillo espanhol para sentir as diferenças), um peixe grelhado (vai melhor com um sauvingon blanc da Nova Zelândia, um chardonnay francês ou um alvarinho português?). Sem pose e sem mistificação você e sua turma estarão fazendo escolhas que poderão definir qual a combinação mais adequada para vocês. Com o perdão da palavra, estarão harmonizando vinho e comida.
Leia mais sobre harmonização no Blog do Vinho
5/15 Experimente rótulos de países diferentes
O consumo de vinhos no Brasil, por uma questão de preço e proximidade, é dominado pelas garrafas do Chile, Argentina, Portugal e Itália, mas com predominância de rótulos dos dois primeiros. Estima-se que existam no Brasil mais de 20.000 rótulos de 20 países nas prateleiras e catálogos. Se o vinho te fisgou a ponto de você acompanhar um blog deste tema, você não pode se limitar a vinhos de poucos países. Permita-se aventurar-se por rótulos de países diferentes que está acostumado. A graça está aí.
Este blog propõe então uma aventura mais radical, prove vinhos de países vinícolas tradicionais mas pouco conhecidos. Você sabia, por exemplo, que há bons rótulos, de conceituados produtores, de Israel, do Líbano, da Grécia e da Suíça à venda no Brasil? O Blog do Vinho selecionou quatro opções certeiras:
Israel
Chillag Primo Merlot 2004. Uvas: merlot (90%) e cabernet sauvignon (10%). R$ 163,00
Importadora: Vinhos de Israel
Líbano
Château Kefraya, Uvas: cabernet sauvignon, mourvèdre, carignan e grenache. R$ 129,00
Importadora: Zahil
Grécia
Agiorgitiko by Gaia. Uva: agiorgitiko. R$, 90,00
Importadora: Mistral
Suíça
Petite Arvine du Valais Maître de Chais 2008. Uva: petite arvine (100%). R$ 109,00
Importadora: VitisVinifera
Leia mais sobre tintos do novo mundo e do velho mundo no Blog do Vinho
6/15 Participe de uma degustação às cegas
Uma degustação às cegas, como o nome sugere, guarda um segredo. No caso é o próprio vinho que você vai beber: o rótulo não é mostrado. As garrafas são ensacadas, numeradas e servidas. Provar diferentes vinhos sem saber quais são os rótulos, o tipo de uva ou mesmo país pode ser um estímulo divertido que vai demonstrar como às vezes somos influenciados por fatores externos ao nosso gosto. É uma das provas mais didáticas que existe. E exige muita humildade do provador. O que vale aqui é a avaliação sensorial da bebida que está na taça, e um pouco de experiência, sem qualquer interferência, como a nota do Robert Parker, a fama do produtor, o preço do vinho ou seu hábito de consumo. Uma pesquisa realizada no Instituto de Tecnologia de Stanford, na Califórnia, juntou vinte voluntários que provaram às cegas cinco vinhos de diferentes níveis de preço – 5, 10, 35, 45 e 90 dólares. O objetivo da avaliação era identificar qual vinho era mais prazeroso. O teste tinha uma pegadinha. Dois dos cinco vinhos eram idênticos, mas os preços exibidos em cada garrafa eram diferentes: um marcava 10 dólares e outro 90 dólares. Quando estimulados a apontar o melhor vinho, escolheram o mais caro, de 90 dólares, o mesmo da garrafa de 10 dólares. Ou seja, as aparências no vinho também enganam. E uma degustação às cegas, além de divertida, pode revelar que um rótulo mais barato pode agradar tanto ou mais que um mais caro.
7/15 Compre taças adequadas e compare
Você gosta de extrair o máximo de seu vinho? Então está na hora de investir em taças apropriadas para a bebida. Assim como a moda desenvolve tecidos, cortes e modelos para realçar cada tipo de corpo e estilo de vida, a tecnologia e o design também concebem taças para diversos tipos e estilos de vinho. Um cabernet sauvignon ou um pinot noir, só para ficar em dois exemplos clássicos, revelam todo o seu potencial quando servidos em tacas desenvolvidas especialmente para o perfil destas uvas. Frescura demais?
O austríaco Georg Riedel, proprietário da Riedel, e décima geração da família que produz taças em cristal desde 1756 — e dono de outra marca importante, a Spiegelau —, é capaz de comprovar esta tese em um jogo lúdico. Ele começa seu show servindo um sauvignon blanc em uma taça produzida para esta uva e pede para a plateia sentir os aromas e o sabor da bebida. Aí, com ares de prestidigitador, solicita ao público presente que verta o sauvignon blanc em uma taça de chardonnay (um pouco mais bojuda embaixo e mais aberta no topo). Troca de olhares entre os presentes. Ohhhh! O sauvignon blanc, antes de aromas cítricos expansivos e acidez correta, se transforma numa bebida desprovida de aromas e de boca chata. Basta voltar o líquido à taça original, e, voilà, está tudo de volta. O processo é repetido com um chardonnay chileno, um pinot noir da Borgonha (este então fica irreconhecível numa taça de bordeaux, perde os aromas, o gosto das frutas e se torna ralinho) e por fim com a célebre cabernet sauvignon. “Não melhoramos o vinho”, insiste Mr. Riedel. “Nós evidenciamos seus aromas.”
Mas como ele consegue isso? Aqui a mágica desaparece. Os engenheiros e designers da Riedel encaram as características olfativas e gustativas do vinho como elas são: processos químicos. E trabalham fortemente na valorização dos aromas – a primeira impressão é a que fica, não é? – e na engenharia do formato da taça, planejada para atingir determinadas áreas da língua que identificam o doce, o salgado, a acidez e o amargo. O desenho da taça de um Bordeaux, por exemplo, faz o líquido escorrer para o centro da língua, o ponto que se percebe a sensação encorpada do vinho. Há modelos para cada uva e região, e antes de serem lançados no mercado são testados junto aos produtores, sommeliers e especialistas, até se chegar no ponto de excelência.
O que isso quer dizer, afinal? Que um amante de vinhos tem de ter toda uma linha de taças possíveis para usufruir a adega cuidadosamente formada em casa? Nem tanto, há taças que acabam cumprindo a função de agradar tintos gregos e brancos troianos, na média. Se o que você mais bebe é um cabernet, adquira uma taça do tipo “bordeaux” e a vida está resolvida também para a maioria dos outros tintos. E assim voltamos à proposta inicial desta sugestão. Faça um teste e descubra o que a taça pode fazer pelo seu vinho e seu prazer. Encare a coisa com uma aplicação que vai mudar o perfil do seu investimento maior, que são as garrafas de vinho. Frescura? Preciosismo? Quem tem suas taças não acha.
8/15 Beba mais vinho branco
Você conhece aquela da mulher que morreu de vinho branco? - Ela estava atravessando a rua, veio um carro vermelho, ela desviou, mas aí vinho branco…
“Vinho, pra mim, tem de ser tinto”, é uma das frases que mais ouço. Trata-se de uma injustiça. Os brancos são insubstituíveis com determinadas comidas, são refrescantes no verão e podem ser tão intensos, aromáticos e oníricos quanto os festejados tintos de alta qualidade.
Este blog não tem a pretensão de mudar o gosto de ninguém, muito menos educar quem quer que seja – militância até em vinho, que é um prazer, não dá! A idéia aqui é despertar a curiosidade. Se você realmente é um apreciador de vinho, os brancos merecem fazer parte do seu registro sensorial e gustativo. Portanto uma das sugestões para 2011 é: beba mais vinho branco! Uma importante importadora nacional, a Decanter, aposta nesta tendência e teve um crescimento de 37,5% no comercialização de seus brancos em 2010, informa o proprietário Adolar Herman. Deve querer dizer alguma coisa.
Vinho branco, aliás, já começa errado no nome – a única bebida branca que eu conheço é leite, e não é o nosso business aqui. A cor, na realidade, vai do palha clarinho aos tons dourados, quase ouro. Branco se contrapõe a tinto, só isso.
O serviço deve ser em temperatura entre 8 a 10 graus. Mas se você gelar demais a bebida corre o risco de perder o leque aromático e as características de suas uvas. O gelado excessivo aplaina as papilas gustativas. O resultado é insípido. Preste atenção, então, para não esquecer a garrafa no baldinho de gelo, muito menos dentro do freezer! O inverso, quente demais, também é um desastre, a acidez ferve na boca e ninguém merece vinho branco quente!
Eles podem ser refrescantes, fáceis e leves, quase uma bebida de verão, aquela para começar os trabalhos (exemplo clássico: a sauvignon blanc) ou cremosos, amanteigados, untuosos e de maior corpo (aqui reina a chardonnay que passa pela barrica), quem vão melhor junto às refeições. Sem esquecer os intensos, longos, minerais e aromáticos rieslings da Alemanha e da Alsácia, os vinhos brancos preferidos dos especialistas. Mas só para chatear e evitar a monotonia, a regra não é engessada: há chardonnays refrescantes, ligeiros e minerais, sauvignon blancs profundos e de meditação, e rieslings doces, ok?
Por fim… ou quem sabe o começo. Fica combinado que da próxima vez que estiver em uma festa, numa reunião ou no restaurante e um garçom vier com o branco, não decline. Aceite. Experimente. Ao contrário da piada infame do começo deste texto, ninguém morre de vinho branco.
Bons, Brancos, nem sempre baratos (post com preços de 2008)
Vinho branco, você ainda vai beber um
9/15 Arrisque um rosé
Considere em sua próxima compra, ou em um almoço em dia de calor, um rosé. Topas? Ou você é do tipo que acha que vinho rosé é uma coisa meio gay? Pois fique sabendo que esta bebida de aromas ligeiros, frutas frescas e cor exuberante bateu o consumo de vinho brancos na Espanha em 2010. É outra tendência de consumo que vem crescendo, até no Brasil, apesar da aposta exagerada do mercado e importadoras no final em 2009. Há rosés que lembram morangos frescos, aqueles de caixinha mesmo que é o que a gente conhece, outros têm um toque mais floral, bem de leve, o suficiente para perfumar a bebida. É uma bebida mais com o perfil de aperitivo, dos goles descompromissados. Mas vai bem também com a comida. Na boca, tem força para interagir bem com frutos do mar, pescados e até um grelhado sem molhos.
E ainda tem a cor, um dos maiores charmes deste vinho. As tonalidades variam daquela casca de cebola, bem clarinha – clássico dos exemplares de Provence, na França -, passando pelo salmão até um rosa bem vivo. Além do mais, é o vinho com a cara do verão: tem cor de pôr-do-sol. É refrescante até de olhar. Ta bom, é um pouco gay, mas quem não precisa provar – ou esconder – sua opção sexual não tem que temer um fermentado rosinha, certo?
Sinônimo de vinho na região da Provence, há bons rosés espalhados por todo o mundo. Aqui vão alguns goles por onde começar (preço médio)
França
Château de Pourcieux 2009 (França) – Château de Pourcieux (um rosé das uvas, syrah, grenache e cinsault), importado pela Cantu. R$ 65,00
Château des Chaberts – Cuvée Prestige, 2006, da Appellation Coteaux Varois En Provence. (um rosé das uvas grenache e cinsault), importado pela Casa Flora. R$ 77,00
Mas de Cadenet Rosé, Côtes de Provence (um rosé das uvas grenache , cinsaut, syrah), importado pela Le Tire-Bouchon. R$ 75,00
Chateau Reynon Rosé 2006, Bordeaux (um rosé das uvas cabernet sauvignon e merlot), importado pela Casa Flora. R$ 80,00
Brasil
Villa Francioni Rosé, Villa Francioni (um rosé meio salada de fruta: cabernet sauvignon, cabernet franc, sangiovese, syrah, petit verdot, pinot noir, merlot e malbec), R$ 52,00
Chile
Santa Digna, Miguel Torres, Curicó, (rosé de cabernet sauvignon), importado pela Miguel Torres. R$ 38,00
Argentina
Crios Susana Balbo Rosé, Mendoza, Argentina (rosé de malbec), importado pela Cantu. R$ 38,00
Alamos Malbec Rosé, Mendoza, (rose de malbec), importado pela Mistral. R$, 29,00
Portugal
Esporão Vinha da Defesa Rosé, Herdade do Esporão, Alentejo, (rosé de aragonês e syrah) R$ 62,00
10/15 Experimente um vinho doce
O vinho doce, ou de sobremesa, está sempre no fim da lista dos consumidores de vinho. Talvez este seja o seu caso. Mas tente servir um vinho de sobremesa no final de uma refeição ou pedir uma taça para acompanhar a sobremesa (peça ajuda ao sommelier). Aposto que um novo mundo vai se descortinar.
Há vinhos de sobremesa brancos e tintos fortificados (os vinhos do Porto, Madeira, Moscatel de Setúbal). Nos brancos se destacam os de colheita tardia (ou late harvest) e os botritizados. Os vinhos doces de colheita tardia têm preços mais acessíveis e próximos do bolso. Como o nome indica, as uvas são colhidas com várias semanas de atraso, provocando a desidratação e concentração de açúcar na fruta. Já o processo de botritis (ou podridão nobre) as uvas são atacadas por um fungo benéfico – o tal Botrytis cinerea -, que somente ocorre em certas condições climáticas e em regiões mais úmidas. Os frutos perdem água e concentram açúcar e ácidos. Uvas botritizadas produzem vinhos licorosos de grande estirpe, como o Sauternes, da França, ou o Tokay, da Hungria. O representante maior desta turma é o Châteu d’Yquem (elaborado com as uvas semillon e sauvignon blanc), uma jóia rara produzida na França (sempre lá…). Aliás, este é o tipo de vinho de enciclopédia, uma referência que aparece mais nos livros e artigos do que na sua taça por conta do alto preço.
Também se destacam nesta turma os vinhos doces brancos aqueles que literalmente vêm do gelo, os icewines, produzidos em países de clima realmente frios, como Alemanha, onde recebem o nome de Eiswein, Áustria e no Canadá. Antes de serem colhidas congeladas, no mês de dezembro, as uvas derretem e congelam novamente umas oito vezes. Cada vez que se congelam, mais sabores se concentram na fruta. O resultado é um branco doce, de baixo teor alcoólico, com aqueles aromas etéreos que os bons vinhos de sobremesa exalam e que qualquer nariz mais cético é capaz de perceber. Na boca costuma vir uma sensação de compotas de frutas brancas ou cítricas, muito mel e certa untuosidade.
No campo dos fortificados, o destaque são os Portos e os Madeira, ambos de Portugal, aquelas garrafas que nossos avós tinham em casa e que possuem uma infinidade de matizes. O acréscimo de aguardente vínica corta o processo de fermentação preservando parte do açúcar residual e garantindo muitos anos na garrafa.
Há sete tipos principais de vinhos do Porto (conheça aqui os estilos). O fortificado não é doce à toa. Portos mais novos, como os ruby e tawny são bebidas mais frutadas e encorpadas, mais fáceis de beber. Já os Portos vintage e com indicação de idade são coisa mais séria. Os descritivos de um Porto envelhecido são todos superlativos: aromas infinitos de frutas secas e mel que chegam em ondas e volatizam na taça mesmo depois de esvaziadas – um Porto virtual fica suspenso no ar. A intensidade de boca e de fim de boca são longuíssimas. Para quem é adepto de um charuto, são bons parceiros também.
O vinho de sobremesa cumpre um outro papel social, que é o de esticar o tempo da convivência, um vinho que sai da mesa e acompanha a conversa no sofá. Vale incluir na sua receita de vida.
Leia mais sobre vinho do Porto
11/15 Experimente um rótulo mais antigo
Quando instigado a aconselhar os mais jovens sobre a vida, o dramaturgo carioca Nelson Rodrigues (1921-1980) tinha a resposta na ponta da língua: “Envelheçam”. O mesmo vale para o vinho? Nem sempre. Você já deve ter visto isso, a recomendação para abrir um determinado rótulo em 5, 10 ou até 20 anos! O que significa isso? O que você ganha bebendo um vinho mais velho, e o que pode perder? A sugestão aqui é você experimentar rótulos mais antigos e checar na prática se a evolução de alguns caldos te agrada ou não.
A longevidade do vinho depende de alguns fatores, como o índice de teor alcoólico, nível de açúcar e quantidade de acidez da bebida e, para os tintos, da qualidade dos taninos. Muito importante também nesta equação é a qualidade da adega, da rolha, de onde afinal as garrafas acompanharão o passar dos anos. Nem todos os vinhos envelhecem igual. O envelhecimento, na realidade, é uma troca, um pacto entre o consumidor e o vinho. Ganha-se algumas coisas e perdem-se outras.
Os tintos mais jovens, com muita fruta e potência, por exemplo, não ganham muito com esta troca. Ao contrário, perdem suas principais características e qualidades, pois não têm estrutura para envelhecer. Já os vinhos com capacidade de guarda, mesmo os do novo mundo, podem até perder a exuberância de frutas mais frescas com o tempo na garrafa, mas os taninos se amaciam e o conjunto fica mais equilibrado e harmonioso, a madeira se integra mais à bebida. Surgem neste estágio aromas e sabores deliciosos e oníricos, tornando o vinho mais complexo e fascinante. Quem já provou um tinto que evoluiu bem com os anos sabe do que eu estou falando. Estes vinhos, ao contrário dos mais simples, perdem se forem abertos muito novos.
Trata-se, portanto, de uma aposta no futuro. Existe um auge teórico – o Everest da curva de evolução -, em que boa parte da fruta permanece viva e praticamente toda a complexidade do envelhecimento se mostra. Quem tem paciência de esperar anos até que uma garrafa atinja seu ponto máximo, definitivamente tem fé na vida. Eventualmente, pode deparar com um vinho decrépito ou mesmo oxidado. Mas esta é parte da magia que seduz milhares de bebedores pelo planeta, e que afasta outros tantos desta esperança no apogeu. Como se diz entre os entendidos, “não há grandes vinhos, mas grandes garrafas”. O tempo só vem comprovar este ditado. E a prova de um vinho mais antigo, e evoluído, é obrigatória para quem deseja se aprimorar no tema.
12/15 Tome mais vinho nacional
“Para um vinho nacional, até que é bom”. Quantas vezes você já ouviu – ou quem sabe até proferiu – esta frase? Se você está no time dos que julgam os tintos, brancos e espumantes nacionais desta maneira, está na hora de mudar os seus conceitos. Tratar o vinho brasileiro só pela régua do vinho de mesa é um jeito torto e preconceituoso de medir a qualidade dos rótulos nacionais. A produção de vinhos finos no Brasil, apesar da predominância dos fermentados mais simples, surfou na onda da qualificação desde a década de 90, acompanhando uma tendência do mercado mundial de substituição de uvas comuns por cepas viníferas, além de mudanças promovidas nas técnicas de plantio e de vinificação que impactam drasticamente na qualidade do que é engarrafado.
O mercado interno de vinho finos – aquele feito de uvas viníferas – vem ganhando musculatura e reagindo ao fraco desempenho dos dois últimos anos. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) apontam para uma retomada da indústria vitivinícola, com um crescimento de 10% no consumo em 2010. Só no Rio Grande do Sul – região que concentra cerca de 90% da produção nacional – foram comercializados 2,32 milhões de litros, o maior volume desde 2007.
Engana-se quem limita o consumo do vinho nacional à excelência e dos espumantes. Segundo declaração de Carlos Raimundo Paviani, diretor executivo do Ibravin, ao Guia do Vinho do iG, a produção local é de 80% de tintos e 20% de brancos e espumantes: “o que significa que nosso público gosta muito dos tintos que fazemos”. Mas são os espumantes que vêm crescendo ano a ano sua fatia no mercado do vinho fino nacional. Então, vai encarar?
Leia mais sobre vinho nacional
13/15 Monte sua confraria
Uma confraria se forma para que amigos compartilhem suas melhores garrafas, experimentem as novidades, comparem o rótulo A com o rótulo B, cotizem uma garrafa que é objeto de desejo, isso tudo em clima de camaradagem e descontração. É também aquele momento em que o vinho é protagonista. Em que ninguém vai ficar olhando torto para a sequência de rótulos, reclamando do balé de taças girando sem parar e ironizando o festival de aromas que cada degustador encontra nos caldos. Afinal, como conclama um dos primeiros posts deste blog: Salvem os enochatos! E se o objetivo é só beber comentando o jogo de domingo, qual o problema? A regra é não ter regra. O importante é o encontro.
Então, que tal criar a sua confraria? Reúna os amigos, e monte um grupo.
Algumas dicas para aproveitar melhor suas reuniões.
1. É importante manter uma agenda. Procure estabelecer uma data fixa para os encontros. Todas as primeiras quartas-feiras do mês, algo assim, que facilite o agendamento e continuidade do grupo. Se for esperar o melhor dia para cada participante, é capaz de a confraria nunca passar do primeiro brinde;
2. Aproveite as facilidades da tecnologia e organize as reuniões por e-mail ou então crie contas nas redes de relacionamento como Facebook ou Orkut, onde os encontros podem ser registrados com imagens e textos, ou até mesmo em tempo real, pelo Twitter, com apreciações de no máximo 140 toques de cada gole;
3. Escolha um tema para o encontro. Pode ser um país (vinhos argentinos), uma região mais específica (Borgonhas), um tipo de vinho (brancos), uma uva (riesling) ou mesmo uma determinada safra (Barolos de 2001);
4. A experiência pode ficar mais rica também se alguém se dispuser a pesquisar sobre os vinhos que vão ser degustados, as principais características, um pouco de sua história e algumas curiosidades sobre as uvas, as principais vinícolas, estes detalhes que fazem a alegria dos enófilos de carteirinha, mas que também atiçam a curiosidade de quem está chegando neste mundo;
5. Se for harmonizar com comida, combine com seus colegas as garrafas que serão abertas, a fim de ter pelo menos um representante de cada estilo de vinho na mesa: um espumante, um branco, tintos e um de sobremesa;
6. Anote o nome, safra e produtor do vinho e registre os rótulos com fotos. Assim, você vai criando seu acervo pessoal das provas e pode repetir a garrafa que mais lhe agradar em outra oportunidade;
7. Se o encontro for na casa de um dos confrades, verifique se é preciso levar taças adicionais;
8. Se a reunião for marcada em um restaurante, é importante perguntar, no ato da reserva, se a casa cobra serviço de rolha, se tem taças de vinho adequadas, etc. Se não tiver, não se acanhe em levar suas taças, saca-rolhas, balde de gelo, o que for preciso para aproveitar ao máximo a oportunidade;
9. Se existir serviço de vinho no restaurante, reserve uma taça de um vinho ao sommelier ou proprietário e ouça a avaliação do profissional. É no mínimo uma atenção com a casa;
10. A dica mais importante, no entanto, é tornar este hábito um prazer, uma diversão daquele tipo que você espera ansiosamente pelo próximo encontro.
14/15 Deixe o preconceito de lado e prove vinhos com tampa de rosca
Muita gente torce o nariz, mas a tampa de rosca (ou screw cap) é comprovadamente eficiente, prática e resolve a vida, imagino, de 90% dos vinhos produzidos pelo mundo. A tampa de rosca é aquela cápsula que se abre girando em rotação invertida até quebrar o lacre. Muitos desavisados tratam de enfiar o saca-rolhas neste estilo de tampa antes de perceber o tipo de material. Problema! Você estraga a tampa. Mas confesso que já cometi tal atrocidade… Outra grande vantagem deste tipo de tampa é que ela não passa para o vinho problemas típicos da rolha de cortiça que estragam e deixam o vinho bouchonée.
Ok, a substituição da cortiça ainda é terreno minado. Muito produtor ainda tem receio de perder mercado com o preconceito do consumidor. E com razão. Muito bebedor fica de nariz empinado quando um garçom ou vendedor oferece um vinho com tampa de rosca ou sintética. Ok, tem o charme da cortiça, o ritual da abertura, mas… bobagem. Tome tenência, rapaz! O vinho pode ser tão bom – ou melhor – que aquele selado com uma rolha de cortiça! Experimente, você não vai se arrepender.
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15/15 Monte uma adega com um kit básico de vinhos
Bom, se você enfrentou estas quinze sugestões e chegou até aqui está na hora de montar a sua adega. A regra estabelece que uma adega clássica deve ser composta por uma grande quantidade de brancos, rosés, tintos, fortificados, doces e espumantes que reflitam um amplo painel do que de melhor cada uva e região do mundo pode oferecer. Para atender esta premissa seria necessário iniciar seu estoque com no mínimo 200 garrafas. Menos, né? Vamos combinar que não é a situação mais realista para quem está começando a descobrir o vinho ou mesmo para os que já tem o hábito da sua taça eventual. O mais correto é montar a sua adega essencial. Ela deve conter aqueles vinhos que lhe dão maior prazer de beber. Ponto. Uma adega, assim como uma biblioteca, ou mesmo uma coleção de aplicativos para celular, revela muito do gosto e dos hábitos de seu proprietário, por isso seguir um manual é maquiar o inventário do seu paladar só para ficar bem na fita.
Uma adega, qualquer que seja seu critério, também deve estar preparada para atender o paladar de eventuais convidados e estar aberta para novidades que enriqueçam sua experiência com a bebida e que combinem com diversos tipos de comida. Um bom ponto de partida é misturar regiões, safras e tipos de vinho, sem querer com isso esgotar todas as possibilidades existentes, se não você fica maluco. A lista genérica abaixo, organizada por tipo de vinho, serve apenas de orientação.
Espumantes – no mundo das borbulhas uma adega essencial se traduz em garrafas com ótimos espumantes nacionais, cavas espanholas, prosesccos e por fim um exemplar ou outro de um champagne francês para momentos exclusivos.
Brancos – é sempre saudável uma divisão entre brancos frescos, para tomar como aperitivo ou em refeições leves (a sauvignon blanc é sua representante máxima, mas a viognier, o vinho verde, o frascati e a pinot grigio também são protagonistas neste campo), e brancos mais intensos, para acompanhar as refeições (aqui reinam os chardonnays e alguns rieslings). Para quem curte brancos aromáticos algumas garrafas de gerwurztraminer e torrontés são obrigatórias.
Rosés – se você seguiu a dica número 9 e passou a incluir os rosés no seu repertório, é muito bom chegar em casa e ter uma garrafa aguardando na temperatura certa em sua adega. Não esqueça, pois, dos rosados da Provence, sul-americanos, nacionais, portugueses e italianos.
Tintos – geralmente os tintos ocupam a maior parte de uma adega. Aqui, mais do que tudo, vale uma seleção de vinhos por estilo. Uma boa quantidade de garrafas para beber jovem – o famoso vinho do dia-a-dia – é essencial. Nesta linha cabem também alguns rubros de corpo médio, um pouco mais encorpados, alcoólicos e complexos (a grande maioria das garrafas à venda). Por fim, os tintos de guarda, com grande capacidade de envelhecimento. Nestes três tipos de vinho a oferta é imensa. Os chilenos e argentinos, junto aos nacionais e alguns portugueses, cumprem a tarefa do vinho do dia-a-dia e um pouco mais encorpados. Franceses, portugueses, espanhóis e tops de linha do Chile e Argentina fazem bonito na categoria dos vinhos de guarda. Quanto às uvas, as francesas de origem mas internacionais no uso são uma aposta certa: cabernet sauvignon, merlot, malbec e syrah. Tempranillo na Espanha, sangiovese na Itália e touriga nacional em Portugal dão um toque regional na sua adega.
Doces e fortificados – não vá esquecer daquele vinho de sobremesa e doce . Fecham qualquer refeição com chave de ouro, mas raramente são abertos. Uma garrafa de um late harvest (colheita tardia) ou um Porto resolvem a vida.
Na hora da compra, todo cuidado é pouco. Aqui vão algumas regras para se dar bem:
1. Observe se a garrafa está bem cheia. Um espaço livre muito grande entre a rolha e o líquido é sinal de vazamento.
2. Se puder, escolha as garrafas que estejam deitadas, nelas o líquido está em contato com a rolha.
3. Verifique o estado de conservação da cápsula e da rolha. A cortiça não pode estar saltada.
4. Cheque a cor do vinho, principalmente os brancos – uma cor amarelo-escura pode indicar oxidação; se estiver na cor âmbar, evite. Um tinto de safra recente de cor alaranjada – uma característica dos tintos mais evoluídos – também é sinal de problema.
5. Fique atento às safras. Tintos mais básicos, assim como os rosés e grande parte dos brancos devem ser servidos jovens, em no máximo três a quatro anos.
Beto,
muito boas suas sugestões sobre vinhos. É muito bom ver o brasileiro bebendo mais vinho e de melhor qualidade. Só complementando suas sugestões, um Sauternes acompanha perfeitamente um Foie gras. Na verdade acho que nada acompanha melhor. 🙂 Quanto ao vinho branco, acho que tem o seu lugar. Já pelo vinho rosé, não tenho nenhum apreço. Já provei vários, nunca gostei. Acho um vinho sem personalidade. Lembro de estar no restaurante Le Jardin em Antibes em uma tarde quente e uma boa parte dos franceses bebia rosé, chamei o garçom e perguntei o porque. Ele deu um leve sorriso e respondeu, “Eles não entendem de vinho”.
Um abraço
Com relação aos cursos de vinho no Brasil, esqueceu de mencionar, talvez não conheça, o curso da FISAR (Federazione Italiana di Sommelier, Albergatori e Ristoratori), um curso de full-immersion de uma semana que acontece periodicamente em Flores da Cunha, nas dependências da Universidade de Caxias do Sul, o responsável é o Sommelier e jornalista Roberto Rabacchino.
Se quiser conhecer uma entidade que defende e advoga a causa do vinho brasileiro de qualidade, mesmo sendo italiana, aí está.
Veja no site da vinhocultura.
parabens por tudo que foi dito, passar o saber para outros , é uma grande virtude. Excelente blog. um grande abraço.
Obrigado Ubiratan
É um troca entre os leitores e o blog a transmissão do conhecimento
Volte sempre
Abs