Por João Batista Jr
Único brasileiro a obter o título de Master of Wine, depois de ter cursado por seis anos a conceituada escola de nome idêntico em Londres, o paranaense Dirceu Vianna Jr, 40 anos, vem a São Paulo para participar da 13ª edição da Expovinis. Nesta entrevista a João Batista Jr, repórter de Veja São Paulo, ele conta um pouco de sua trajetória no mundo do vinho. Confira:
Quando o senhor se interessou pelo mundo do vinho?
Nunca tinha pensado no assunto. Cheguei inclusive a cursar duas faculdades que não tinham nada a ver comigo. Entrei em Engenharia Florestal, na Universidade Federal do Paraná , e em Direito, na PUC. Abandonei as duas escolas e troquei Curitiba por Londres 20 anos atrás. Meu primeiro trabalho na capital inglesa foi em um Wine Bar. Depois disso, cursei hotelaria no Westminster College e fiz cursos no Wine and Spirit Education Trust.
Por que o senhor decidiu cursar o concorridíssimo Master of Wine, que aceita apenas 80 alunos por ano. Achava que sua formação não estava completa?
A principal característica de minha personalidade é ter ambição de ser o melhor em tudo o que faço. Então, desde que entrei no mercado de vinho, meu objetivo era me tornar um mestre para provar a mim mesmo que eu era um PhD no assunto. Em novembro de 2008, depois de seis anos de dedicação quase exclusiva ao curso, obtive a minha certificação.
O senhor trabalha no mercado da bebida há duas décadas. O que muda agora com a obtenção do título?
O Master of Wine foi criado em 1953 e, desde então, apenas 274 pessoas obtiveram o título. Da América do Sul, somos apenas eu e uma argentina (Marina Gayan). Brinco que existe no mundo mais físicos nucleares do que masters of wine. O reconhecimento é tão grande que, desde o fim do ano passado, quando fui aprovado, meu nome ficou conhecido internacionalmente no setor de maneira quase instantânea. Saíram matérias a meu respeito em jornais daqui de Londres, na China e em Portugal. Como consequência, aumentaram os pedidos de palestras, degustações e aulas.
Qual foi a emoção ao ser aprovado?
Fiquei muito contente, pois a aprovação foi resultado de dedicação diária de seis anos de estudos. Minha preparação era parecida com a de um atleta que vai disputar a Olimpíada. Entre 2002 e 2008, acordava às 6h todo dia para estudar até às 10h, quando tinha de ir ao trabalho. Aos fins de semana, eram oito horas de aprendizado. Tinha de ler sobre a geografia e condições climáticas de todas as regiões produtoras do mundo. Nesse tempo, também viajei para mais de 30 países, sendo que para alguns deles, caso da França, eu cheguei a visitar mais de duas vezes por mês. Tudo isso para conhecer in loco as características das vitiviniculturas. Os produtores têm até diferenças comportamentais. É preciso gastar sola de sapato para virar um mestre em vinhos.
Por favor, cite um exemplo.
Os vinicultores de Bordeaux são formais e clássicos. Todos vestem ternos bem cortados e só nos recebem em seus castelos com hora marcada. Na Borgonha, os donos estão nos vinhedos com seus funcionários e usam jeans e camisas surradas. Eles nos recebem sem a mínima cerimônia e deixam à vontade para provar, ali no campo mesmo, suas joias líquidas .
Deve ser um custo alto se tornar master of wine?
Sim, o curso custou 15 mil libras por ano (cerca de 48 500 reais), com a inclusão das despesas com a viagem. Esse valor foi pago por mim e pela empresa que trabalho.
Como é esse processo?
As provas são feitas em cinco dias, a parte prática pela manhã e a teórica à tarde. No total, são doze vinhos degustados às cegas a cada dia. As perguntas que tinha de responder eram relacionadas ao clima, tipo de solo e até o nome das florestas de onde eram oriundas as madeiras usadas nos barris de envelhecimento dos vinhos. Por exemplo, a Borgonha é uma das regiões mais inconsistentes e confusas do mundo. Existem vários motivos para essa confusão, entre as quais a geografia e clima: a região é cheia de declives e as condições meteorológicas sofrem influência de correntes de ar vindas do Atlântico, do Mediterrâneo e até do Báltico.
Como é seu trabalho na importadora inglesa Coe Vinters?
Estou nesta empresa desde 1998. Comecei como vendedor e, depois de quatro anos, fui promovido a comprador de vinhos. Hoje sou um dos diretores. Quando ingressei na Coe Vinters , tínhamos uma carta de 250 rótulos. Agora, são 1 500 etiquetas, que custam entre 5 e 3 000 dólares.
O Brasil tem um consumo per capita de 2 litros de vinho por habitante ao ano, um número muito pequeno se comparado, por exemplo, com a média argentina, que é de 30 litros per capita. O senhor acredita que teremos demanda para ampliar essa marca?
Nosso país tem potencial de consumo grande, considerando que o brasileiro ainda não considera o vinho como uma bebida para o dia-a-dia. Muitas pessoas acreditam que é uma bebida para a elite. Felizmente, esse ponto de vista tem mudado com o aumento de cursos, feiras e degustações. Acredito que em um futuro próximo chegaremos à metade do patamar argentino.
Quais são os rótulos nacionais que mais lhe agradam?
A maioria dos experts internacionais não leva os vinhos brasileiros a sério, mas o país já produz rótulos de boa qualidade. O meu favorito é o Miolo Merlot Terroir 2005. A Salton também tem mostrado uma melhoria em sua produção, os exemplos são o Talento e Desejo, ambos safra 2005.
O sujeito com certeza entende de vinho. Nao ha duvidas com relacao ao isso. Porem eh convencido pra caramba- do tipo que se lambreca de “vinho” e come ele mesmo. Ainda bem que existem mais fisicos nucleares no mundo do que “mestres em vinho”, traducao de “Master of Wine” para quem nao sabe.Sr. Gerosa, seu blog eh excelente, sempre interssante e inteligente. Nao entendo como vc pode publicar um post desses….melhor tomar um “Campo Largo-Viho de Mesa” la do Parana do que ler esse post. Mais anta sou eu que estou perdendo o tempo de deixar um comentario.
Ola,Sr:Roberto Gerosa,sou uma modestissima apreciadora de vinhos,hoje moro em illasi,uma cidadizinha perto de Verona.Aqui estou descobrindo o mundo prazeroso do vinho… e descobri maravilhas como…Amarone,Valpolicella,Recioto di Soave,Franciacorta,Lambrusco…vinhos que eu ainda nao vi serem citados nela sua coluna.Me causa um pouco de surpresa nao ver figurado(pelo menos eu nao vi)esses grandes vinhos italiano.uma curiosidade ou um lembrete:(desculpe a minha presuNçao)A regiao de Veneto è a maior produtora de vinho de toda a Europa e faz vinhos excepionais que eu ainda infelizmente nao conheço e que aos pucos começo apreciar.Em Verona todo ano tem oVINYTALY uma das maoires feiras de vinho aqui da europa.Com grande respeito te saluto e gostaria de ver citados alguns desses maravilhosos vinhos,dessa que è a minha segunda terra,Adriana Monteiro Illasi-Verona
Não concordo com Marcelo Lopes.O Cara teve que estudar muito para chegar onde esta.Para se tornar um Master of Wine é preciso muito esforço e ele simplesmente fez e merece nossos aplausos.Parabéns Dirceu!
Excelente matéria, parabéns!!!
Parabéns também ao Dirceu Vianna Júnior, é uma conquista fantástica ser um master of wine, muito estudo, muita dedicação, parabéns mesmo e sucesso você merece!!!!!!!