Você abre um site, um livro ou revista especializada em vinho e topa com termos como chaptalização, fermentação malolática, perlage, brettanomyces. Hein? Estamos falando mesmo de vinho?
É, meus amigos, o vinho tem seu vocabulário próprio, um dialeto para entendidos, jargões usados entre enólogos, sommeliers, viticultores e profissionais do setor e que podem dificultar a vida de quem está se iniciando nesta área.
Quer desvendar este dialeto? Seus problemas se acabaram-se. Um dicionário de verdade, com todos os vocábulos do mundo do vinho, acaba de ser lançado pela Companhia Editora Nacional. Trata-se do Dicionário do Vinho, 572 páginas, R$ 120,00, compilado pelos jornalistas Rogério Campos e Mauricio Tagliari, que também é produtor musical, enófilo e colunista de vinhos.
De aatchkik (uva cultivada na Geórgia e na Ucrânia, empregada na elaboração de vinhos rosés) até zypern (equivalente em alemão de Chipre) são mais de 17.000 termos listados e definidos com precisão, fruto de um trabalho de fôlego e de pesquisa que se torna obrigatório na estante de qualquer enófilo (apreciador e/ou estudioso de vinho) que se preze e também é muito útil para a turma dos “homens que cospem vinho”. Há definições de regiões, tipos de uva, termos químicos, aromas, técnicas e descritivos do vinho.
Um dicionário é uma forma organizada de transmitir conhecimento, normatizar regras e colocar ordem nas coisas. Esta compilação tem uma capilaridade maior, inclui termos equivalentes em outras línguas – o que facilita na leitura do seu Robert Parker preferido – e até aqueles tecnicamente menos corretos, pois o objetivo, segundo os autores, é “ajudar o nosso leitor a entender o que o mundo do vinho fala, mesmo que este fale com a gramática supostamente incorreta”.
Também muito útil para os apreciadores dos fermentados são as variações de nome para um mesmo tipo de uva. São mais de 2.000 uvas descritas no dicionário. Por exemplo, o nome mais conhecido da uva tinta é tempranillo, mas ela também atende se chamada de aragonês (ou aragonez) no Alentejo, cencibel (centro e sul da Espanha), tinta aragonês, roriz (Douro), ull de llebre (Catalunha), tinta de toro, tinto de toro, tinta del pais, tinto del pais, ramont, tinta roseira, gotim bru e tinto fino. Mesmo as uvas mais internacionais, como a merlot, também têm variações: sémillon rouge, crabulet, médoc noir, merlau, bigney rouge, vitraille, sème de La Canau, merlô, petit merle, bégney e vitraille.
Para quem adora descrever os caldos o dicionário, além das definições, dá uma mão nos sinônimos. Um vinho aveludado (macio, suave, com textura agradável e baixa acidez) é o mesmo que um vinho redondo, e um tinto equilibrado (que mostra harmonia entre seus componentes organolépticos – acidez, taninos e álcool -, aromas, sabores, peso, força, ataque, corpo e persistência) também é descrito como afinado, balanceado e estruturado.
Sem querer comparar a extensão e os objetivos do trabalho, os leitores deste Blog do Vinho também têm um glossário para consultar nos momentos de dúvidas, trata-se da seção ABC de Baco.
A propósito, para quem não entendeu os termos que iniciam este texto, aqui vão as definições do Dicionário do Vinho:
Chaptalização – vinicultura. Prática de acrescentar Açúcar ao mosto, antes ou durante a fermentação, com o objetivo de aumentar o grau alcoólico do vinho.
Fermentação malolática – vinicultura. Transformação do ácido málico em ácido lático, com a liberação do geas carbônico, realizado por bactérias láticas. Tem a função de suavizar o paladar do vinho, já que o ácido lático é mais suave que o málico, e alem disso traz aromas de manteiga e iogurte. Porém, alguns argumentam que os tintos que passam por esta fermentação perdem em cor e aromas varietais.
Perlage – característica do vinho. Conjunto de bolhas que se formam no vinho espumante
Brettanomyces – microorganismo. Levedura que produz certas substâncias que podem, em baixas quantidades, dar complexidade ao vinho, mas que em geral causam defeitos.
Realmente este dicionário é bem completo. Estava ontem na Livraria Cultura no momento em que chegou a primeira remessa, então pude folhea-lo um pouco.
Passei a me interessar pelo universo do vinho a uns 6 meses e, desde então, estou lendo bastante a respeito. Só que na teoria, tudo é mais fácil. Por isso, gostaria que você nos relatasse como foi o início da sua relação com o vinho, suas primeiras degustações, impressões e maiores dificuldades.
Obrigada pelos excelentes posts do Blog.
Abraço.
Obrigado pelos elogios, Karina
Concordo 100% com suas observações. A jornada da teoria para a práxis pode ter suas dificuldades, mas garanto que o caminho pelo menos é divertido. Vou fazer um relato
abraços
Boa Obra, com certeza Beto. Sou dedicado ao assunto e vou comprá-la, no vino e com o vinho só temos uma vida toda para aprender e é pouco. Deixo uma observação num espaço que gosto de ver sempre, sua colaboração para nós enófilos é bastante valiosa. O termo ao qual me refiro é a uva, temos variedades e não tipos, o que cabe ao vinos.
Grato,
Rocha
beto gerosa moro no interiorb de minas gerais.compro vinhos em importadora pela internet.
vc nao poderia dar dicas de boas importadora e de ex de bons vinhos.juntando preço e qualidade.obrigado
Eu sou na Franca
quero comprar esse livro; aonde e possivel ? obrigado por su ajuda
Olá Pascal!
Vc está na França então acredito que não terá dificuldade em encontrar o DIZIONARIO ENOLOGICO, EDITORE ULRICO HOELPLI MILANO, 1999. O original italiano é onde os brasileiros basearam seu projeto do Dicionário do Vinho. Apesar de anunciarem a versão brasileira, pretensiosamente, como original e inédita no mundo (até mesmo na introdução do livro!) é baseada no dizionario italiano. Porém 12 anos depois os brasileiros ampliaram o número de verbetes. Mas acredito que o italiano poderá te ajudar!
Boa sorte e aproveite a viagem!
ampliaram? de 150 para quase 600? foi um puxadinho, né?