Um incauto que invadir uma sala de degustações de um concurso de vinho após uma prova vai deparar com uma visão parecida com a da foto ao lado. Inúmeras taças com bons mililitros de vinho e baldes cheios da bebida. Se tiver a oportunidade de observar, momentos antes, os jurados provando os tintos, brancos, espumantes e fortificados acompanhará um festival de giradas de taça, fungadas, bochechos, caretas de desagrado alternadas com suspiros de aprovação, e finalmente cusparadas leves e elegantes (se é que isso é possível) do vinho em copos de plástico que em seguida serão entornados em baldes maiores. Qual o pensamento que passará por sua cabeça? “Este povo não gosta de vinho!” Na verdade, estão em pleno trabalho Os Homens que Cospem Vinho e sua função nesta sala é escolher os dez melhores vinhos da ExpoVinis 2013– 16º edição da feira mais importante de vinho da América Latina -, no tradicional concurso Top Ten, que tenho a honra de ser convidado pelo sexto ano como jurado (perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem…).
E eles (nós) não bebem todo aquele vinho disponível por um motivo muito simples: são 224 amostras em dois dias, ninguém sobreviveria para contar o final da história. Os doze jurados se reúnem para escolher um vinho de consenso que vai para o trono de cada uma das dez categorias do concurso. Este consenso é resultado das anotações e notas de todos os jurados que somadas chegam a uma média ponderada e ao fermentado campeão.
Este ano os organizadores decidiram dar mais espaço ao vinho nacional e dividiram a categoria “Tintos Nacionais” em duas: os representantes da “Serra Gaúcha”, que produzem cerca de 80% dos tintos do país, e “Outras Regiões”, fruto do potencial de novas áreas vinícolas do Brasil. O Top Ten de 2013, por uma questão de empate na categoria Velho Mundo, acabou elegendo onze vinhos. Abaixo a lista dos vencedores em cada categoria.
Vencedores do TOP Ten 2013
ESPUMANTE NACIONAL – total de 13 amostras
Villaggio Grando Espumante Brut Rosé 2012
Região: Água Doce, Santa Catarina
Uvas: pinot noir e merlot
ESPUMANTE IMPORTADO – total de 11 amostras
Aida Maria Rosé Brut Reserva 2007
Região: Douro, Portugal
Uva: touriga nacional
BRANCO NACIONAL – total de 19 amostras
Da’divas Chardonnay 2012, Lidio Carraro
Região: Terras da Encruzilhada do Sul, Rio Grande do Sul
Uva: chardonnay
BRANCO IMPORTADO – total de 30 amostras
Casas Del Bosque Sauvignon Blanc Reserva 2001
Região: Casablanca, Chile
Uva: sauvignon blanc
TINTO NACIONAL SERRA GAÚCHA – total de 15 amostras
Perini Quatro 2009
Região: Vale do Trentino, Rio Grande do Sul
Uvas: cabernet sauvignon, merlot, tannat, ancellotta
TINTO NACIONAL OUTRAS REGIÕES – total de 14 amostras
Pericó Basaltino Pinot Noir 2012
Região: São Joaquim, Santa Catarina
Uva: pinot noir
Maquis Rosé 2012
Vale Aconchágua, Chile
Uva: malbec
TINTOS NOVO MUNDO – total de 32 amostras
Vistalba Corte A 2009
Região: Mendoza, Argentina
Uvas: cabernet sauvignon, malbec
TINTO VELHO MUNDO – total de 70 amostras
Santa Vitoria Grande Reserva 2008
Região: Alentejo, Portugal
Uvas: touriga nacional, cabernet sauvignon, syrah
Sacagliola Sansì Selezione Barbera d’Asti 2009
Região: Piemonte, Itália
Uva: Barbera
DOCES E FORTIFICADOS – total de 14 amostras
Quinta Do Noval Porto Tawny 40 Anos
Região: Porto, Portugal
Uvas: tinta barroca, tinta roriz, touriga francesa, touriga nacional
Todos os vinhos estão expostos na ExpoVinis 2013, que vai abrigar mais de 400 expositores nos dias 24, 25 e 26 de abril no pavilhão azul da Expo Center Norte em São Paulo (veja ficha abaixo)
O nomes dos culpados pela eleição dos onze vinhos acima
Presidentes de mesa
Hector Riquelme – sommelier chileno
Mario Telles Jr – ABS-SP
Jurados
Jorge Carrara – Prazeres da Mesa
Marcio Pinto – consultor e ABS-MG
Celito Guerra – Embrapa
Beto Gerosa – Blog do Vinho
Gustavo Andrade de Paulo – ABS-SP
José Luiz Paligliari – Senac
Ricardo Farias – Sbav Rio de Janeiro
José Luis Borges – ABS-SP
Diego Arrebolla – sommelier grupo Pobre Juan
Manoel Beato – sommelier grupo Fasano
Leia também: Como funcionam as degustações nos concursos
E os vinhos eram bons?
Quando o painel é tão diverso e com tantas categorias a qualidade varia na mesma proporção do volume oferecido. Vale lembrar que o concurso é sempre às cegas, não sabemos o que estamos bebendo, apenas a categoria. Há grandes disputas entre bons vinhos que se afunilam numa espécie de tira-teima entre os melhores, há categorias que um rótulo se sobressai sobre os demais dada a sua superioridade – um Tawny 40 anos por exemplo é uma covardia – e outras que a média é muito parecida. Em Tintos do Novo Mundo, por exemplo, haviam exemplares com taninos (aquela sensação de adstringência que seca a boca mas é importante na estrutura e envelhecimento dos vinhos) tão agressivos que quase saí da sala e fui abrir um Boletim de Ocorrência. Claro, eram mais de 30 amostras, aparece de tudo. Os tintos nacionais apresentaram uma boa média e sempre surgem novos rótulos que acabam surpreendendo. Estas descobertas são uma das belezas de participar de um concurso desses. Curiosa superioridade dos espumantes rosés no resultado final. Eu gostei da escolha! Os brancos são menos prestigiados pelos produtores e poucos rótulos são enviados, o que prejudica a avaliação. Ah, importante, cada expositor tem direito a enviar dois vinhos na categoria que escolher. São estes os vinhos avaliados e não todos os vinhos da Expovinis, obviamente.
Mas dá para avaliar um vinho sem engolir?
Sobre a quantidade de vinho servida para o teste:
Aconselha-se a colocar na boca um volume pequeno de vinho, de cerca de 6 a 10 mililitros. (…) O volume utilizado deve ser sempre o mesmo para cada vinho, caso contrário torna-se impossível qualquer comparação rigorosa. (…) O copo de degustação deve ser simples, com capacidade de cerca de 200 mililitros, sem floreios, de paredes finas, sem cheiro de guardanapo nem de pano de prato. O copo normatizado pelo INAO-AFNOR e suas variantes é muito apropriado. O líquido a um terço de sua capacidade permite leve agitação necessária para liberar as moléculas odoríferas do vinho
Sobre cuspir o vinho nas degustações
Geralmente o degustador, ao longo dos exercícios profissionais, cospe o mais completamente possível o trago de vinho. Não é que a degustação seja melhor quando o vinho é expelido, ao contrário, aliás. Mas, evidentemente, seria impossível para o provador beber sem prejuízo alguns tragos dos dez ou trinta vinhos que frequentemente ele degusta numa mesma seção (…) Algumas pessoas estão convictas de que, se não engolirem, não terão nenhuma sensação; situam na “garganta” o centro da degustação por que, na verdade, elas engolem diretamente mas não degustam.
SERVIÇO
ExpoVinis 2013 – site oficial
DATA
24, 25 e 26 de Abril de 2013
LOCAL
Expo Center Norte – Pavilhão Azul
São Paulo – SP – Brasi
HORÁRIOS
24 de Abril
Profissional → 13h às 21h
25 de Abril
Profissional → 13h às 21h
Consumidor → 17h às 21h
26 de Abril
Profissional → 13h às 20h
Consumidor → 17h às 20h
PREÇOS
Entrada com direito a uma taça de cristal: R$ 70,00 (Valor de 3º lote)
Entrada estudante sem taça: R$ 35,00 (Valor de 3º lote)
Taça Avulso: R$ 30,00
Publicado originalmente em abril de 2013
Pensei comigo mesmo, mero “bebedor” de vinho…tenho inveja de vc? Não, não tenho…acho vcs loucos, insanos!!! Como botar este líquido precioso na boca e não beber!!! Como vcs conseguem este autocontrole!!! Heheheheeee… qto ao campeão dos tintos nacional (Periri Qu4tro…acabei de encomendar pelo site deles 6 garrafas…vamos ver se é bom mesmo!
TENHO QUE O SABOR É SENTIDO EM TODA A EXTENSÃO DA LÍNGUA, COM ISTO SINTO O SABOR DO VINHO COM MAIS INTENSIDADE, DESDE O BEBER ATÉ O ENGOLIR, ME PARECE QUE NÃO TENHO TENDÊNCIA PARA DEGUSTADOR. MEUS PARABENS POR PARTICIPAR DESTA DEGUSTAÇÃO E NOS INDICAR, SEMPRE, OS VINHOS DE QUALIDADE.