Uma garrafa de vinho pode ser apenas um coadjuvante em uma refeição ou servir de pretexto para uma conversa entre amigos. Mas pode também se transformar no centro das atenções. Tudo depende da relação que se tem com a bebida. Um determinado dia, um vinho te chama a atenção. Você leva a taça próxima ao nariz e percebe um aroma qualquer — sua memória olfativa é acionada e identifica uma fruta, uma flor, algo diferente que atiça sua curiosidade. Ou, então, um gole lhe dá uma imensa satisfação e o sabor do vinho permanece por um tempo mais longo. Sem perceber, você mudou de patamar e começou a degustar a bebida. Degustar, afinal, nada mais é do que beber com mais atenção. O resto é pirotecnia.
Hugh Johnson, um dos maiores escritores de vinho do mundo, conta na sua autobiografia A Life Uncorked, ainda sem tradução no Brasil, que foi iniciado na época de estudante em Cambridge, na Grã-Bretanha. Um colega de quarto lhe trouxe uma noite duas taças de vinho tinto e pediu para ele experimentar:
“Apenas prove”, sugeriu o amigo. “Agora diga, qual sua opinião?”
“Muito bom”, disse Johnson, “mas um deles parece que tem mais sabor que o outro.”
“Exatamente”, ele concordou. “E eles vieram do mesmo lugar, são do mesmo ano – a única diferença é que são de diferentes lados de uma estrada.”
O colega de Hugh Johnson tinha trazido para ele provar dois vinhos da Borgonha, um grand cru e um premiers cru, como são classificados os melhores vinhos desta região da França. Entender como era possível esta diferença entre dois tintos de vinhedos vizinhos e a possibilidade de experimentar outras vezes esta sensação iniciou o jovem Johnson: “Foi a curiosidade que me fez prestar mais atenção ao vinho”, conclui.
Como não somos ingleses, e não temos este repertório à disposição, passamos normalmente por etapas menos refinadas. Uns são iniciados por vinhos mais básicos e, de degrau em degrau, vão subindo o nível da qualidade das garrafas. É um processo educativo mesmo, afinal ninguém desenvolve e aprimora o paladar de uma hora para outra. Há gerações que começam pelo vinho da moda: a minha foi marcada pelo branco alemão da garrafa azul (eu sou do tempo em que vinho bom era aquele que não dava dor de cabeça no dia seguinte), depois veio a moda do prosecco, do carmenère, do malbec, do tinto mais potente e maduro do novo mundo e por aí vai. Depois, cada qual cria seu repertório.
A primeira providência do “neoenófilo” é anotar o nome do rótulo. Em seguida, procura-se mais informações: o tipo de uva usada, o país de origem, a região onde foi produzido. A razão? Simples. Assim como Johnson, deseja-se voltar a sentir aquela sensação prazerosa outra vez. E, para isso, nada melhor que entender um pouco sobre o tema. Não tem volta. Você foi definitivamente fisgado pelo chamado “mundo do vinho”. Talvez por isso esteja lendo este texto. Conte aqui, então, como o vinho se aproximou de você ou você do vinho.
Comecei a conhecer o vinho nas gondolas de supermercados quando começou um BOOM de importações com muita variedade . A curiosidade me levou as importadora que oferecem cada vez mais opções e informações sobre paises, produtores e uvas. O proximo passo foi os encontros de vinhos e jantares enogastronomicos que estão cada vez mais presentes. É um prazer, um enriquecimento cultural e pessoal. É o mundo do vinho.
Entrevista muito interesante.Beijos…
Quando jovem, nas noitadas, principalmente próximo do Natal o vinho oferecido era de garrafão. Passei longo tempo distanciado deles. Já adulto, frequentando ambientes em que os “enochatos” predominavam, fiquei atraído. Desprezado o superfluo no conhecimento dos vinhos, passei a degustá-los, passando por vinhos de diversos países até me fixar nos italianos do Piemonte e da Toscana, onde estive recentemente. Hoje tenho uma concepção extraída numa reportagem da Veja com proprietários de grandes adegas parti
Sou decendente de italianos e na minha casa sempre tinha um garrafão voce sabe como é .Antes da abertura economica tomavamos vinho nacional o Almaden que nós achavámos o melhor, depois passamos tomar franceses, chilenos, argentinos e outros não muito caros na faixa até R$ 30,00.Gostaria de uma opinião sobre os vinhos J.P Chenet.Miolo Reserva,Santa Carolina Reservado,Finca Flinchiman Malbec porque são estes que eu tenho tomado mais.Muito bom seu blog leio sempre para obter mais conhecimento deste fantástico mundo do vinho. Muito obrigado Darci Petrucci
Visitei o seu novo mapa do vinho, que achei muito interessante, sobretudo a parte portuguesa. Na região de Setúbal, senti falta da Casa Ermelinda de Freitas. P.F. investigue.Cumprimentos
Também fui apresentada ao mundo dos vinhos através da famosa garrafa azul, que na época era o “suprassumo” dos vinhos. Trabalhei muitos anos como comissária de bordo, e com o tempo passei a trabalhar somente nas classes Executiva e Primeira. Para isso tive que fazer um curso básico de vinhos para o atendimento destes passageiros. Minha curiosidade foi aguçada. Juntou-se ao fato de eu ser uma pessoa apaixonada por culinária, e adorar conversar, passava muitas vezes trocando informações com passageiros sobre restaurantes, pratos e vinhos do nosso destino ou de outros locais, onde, ao desembarcar, corria para lojas especializadas e supermercados. Eu tinha uma agenda onde fazia estas anotações, e quando gostava do vinho, assim que eu retornava àquele local, comprava mais uma ou duas garrafas. O mundo do vinho é muito envolvente, fascinate, sedutor…. Quanto mais se conhece, mais se apaixona!
Me envolvi e entrei de cabeça nesta relação. E o melhor é que sempre temos algo novo para aprender!
Comecei comprando vinho barato nacional, no supermercado. Depois passei a comprar vinhos que eu considerava “chic” (garrafa azul, etc.). Decidi fazer um curso de degustação e também aprender por outros meios (sites da internet, palestras etc) e hoje posso dizer que sei o que estou comprando e tomando.
Gerosa parabéns pela iniciativa. Os blogueiros estão contudo! VIva a liberdade! Conteudo bacana, sem afetações, bom de ler!Manuel
NÃ?O SEI AO CERTO QUANDO FOI, OU COMO FOI.SÃ? SEI QUE GOSTEI!UM BRINDE A TODOS OS BLOGUEIROS!
como no gostar de vinho, seria ate pecado,degustar, apreciar,deixarse seduzir,é magnifiqué…