Foi divulgada a relação dos 10 melhores vinhos da Expovinis 2009, a megafeira dos tintos, brancos, espumantes e agregados que está na sua 13º edição em São Paulo. São os dez melhores vinhos do evento? Bem, não é bem assim. Como em toda degustação, tratam-se das10 melhores garrafas provadas em determinado dia, segundo o gosto e avaliação de um grupo de pessoas. É uma boa referência? É. São de fato os dez melhores vinhos da feira? Não. É do jogo. Participa quem quer, se exibe quem fatura. Mas que todo mundo gosta de saber o resultado, de conhecer o vinho e, no caso dos finalistas, de ganhar, não resta dúvida. Humano, demasiadamente humano.
Funciona assim. No fim de semana anterior à feira, que acontece nos dias 5, 6 e 7 de maio, treze respeitáveis senhores ficam confinados numa sala e degustam às cegas – sem saber o rótulo – os vinhos que são enviados pelas importadoras e produtoras (eles só podem enviar três garrafas no total). Os vinhos são divididos em uma dezena de categorias: espumante nacional, espumante importado, sauvignon blanc, chardonnay, outras uvas brancas, rosados, tintos nacionais, tintos novo mundo, tintos velho mundo, fortificados e doces. As garrafas são ensacadas, numeradas e avaliadas. As notas de cada jurado são somadas e os melhores em cada categoria levam a medalha no peito e saem anunciando por aí. Não é pouca coisa.
Uma boa alteração deste ano foi a separação dos espumantes nas categorias verde-amarelo e importados – a disputa era muito injusta quando se enfrentavam no mesmo painel um champagne grand cru e um espumante nacional, por melhor que fosse ele. A organização também superou a de outros anos. A coisa vai se profissionalizando.
O processo é todo feito com a maior lisura, não se sabe qual vinho está se bebendo nem antes, nem durante muito menos depois de terminada a prova. Os jurados recebem o resultado e a lista dos rótulo no primeiro dia da feira. Os erros e acertos da seleção final são de total responsabilidade destes abnegados senhores que passaram o sábado e domingo de feriado provando e cuspindo vinho. É aquele ritual esquisito de sempre, para quem não está habituado. O garçom vem, traz a taça com a bebida, a gente olha a cor, balança a taça, enfia o nariz, dá uma cafungada, coloca um gole na boca, aspira um pouco de ar, deixa o líquido percorrer as papilas gustativas e finalmente… cospe o vinho.
Imagine esta cena realizada exatas 179 vezes. É pedreira. Se ingeridas todas as amostras o resultado seria uma coma alcoólica. Justo? Do ponto de vista do produtor, imagino que seja um julgamento expresso, que pune ou premia em alguns segundos o trabalho que durou sei lá quanto tempo do lado de lá da garrafa. Como disse meu vizinho de júri, o master of wine Dirceu Vianna (leia entrevista logo abaixo neste blog). “Em uma prova como esta, o critério é avaliar o que você encontra de tipicidade na taça”. Do ponto de vista da premiação, não há outra solução. O método é tão falho como a democracia, por exemplo, mas tão insubstituível quanto.
Uma curiosidade. Durante a prova, entre uma rodada e outra, eu postei no twitter do Blog do Vinho pequenas impressões dos goles, do que estava acontecendo. No último comentário eu arrisco dizer que o melhor tinto do velho mundo era da amostra número 26. Não é que foi o vencedor da categoria segundo a avaliação geral de meus coleguinhas? Aliás, nunca tinha ouvido falar. Claro, era o Vinha Longa Reserva 2006, inscrito pela AEP, Associação Empresarial de Portugal.
O resultado é curioso e reflete a variedade do vinho, foram premiados três franceses (é o ano da França no Brasil); dois chilenos, dois portugueses, um argentino e, claro, dois brasileiros. A lista está abaixo
Os 10 vinhos escolhidos em cada categoria
Espumante Nacional (23 participantes)
Casa Valduga Gran Reserva Extra-But – Casa Valduga – Vale dos Vinhedos
Espumante Importado (8 participantes)
Champagne Pehu Simonet Brut Sélection Grand Cru NV – Pehu Simonet – Champagne/França
Sauvignon Blanc (8 participantes)
Ventisquero Queulat Gran Reserva 2008 – Ventisquero – Valle de Casablanca/Chile
Chardonnay (15 participantes)
Morandé Terrarum Reserva 2007 – Morandé – Valle de Casablanca/Chile
Branco: Outras Castas (18 participantes)
Josmeyer Les Pierrets Riesling 2001 – Josmeyer & Fils – Alsace/França
Rosado (14 participantes)
Cascaï 2008 – Château Ferry Lacombe Provence/França
Tinto Nacional (31 participantes)
Salton Talento 2005 – Salton – Tuiuty/Brasil
Tinto Novo Mundo (22 participantes)
Las Perdices Tinamú 2006 – Viña Las Perdices – Mendoza/Argentina
Tinto Velho Mundo (30 participantes)
Vinha Longa Reserva 2006 – Encostas de Estremoz – Alentejo/Portugal
Doce Fortificado (8 participantes)
Justino’s Madeira 10 anos – Justinos Henriques – Ilha da Madeira/Portugal
Os culpados, quer dizer, os jurados, na foto acima, no momento da degustação, provando e passando para o laptop a pontuação. Entre as ilustres figuras, este colunista.
Dirceu Vianna Junior (Master of Wine); Gerson Lopes (Blog Vinho e Sexualidade); Gustavo de Paula (ABS-SP); Jorge Carrara (Folha de São Paulo); José Maria Santana (Gula); José Luiz Pagliari (SBAV-SP); Manuel Beato (Sommelier do Fasano); Marcelo
Copello (Gazeta Mercantil e Mar de Vinho); Marcio Oliveira (SBAV-MG); Mauro Celso Zanus (Embrapa); Nuno Vaz Pires (Vine – Portugal); Ricardo Farias (ABS-RJ); Roberto Gerosa (Blog do Vinho – VEJA). Coordenação: Jorge Lucki (Valor Econômico) e José Ivan dos Santos (SENAC)
Pra aumentar a adega 🙂
Parabéns,belo trabalho,grande conteúdo,como disse a Blogueira Vania P.Nodari”RobertoBOMDEBOLAGerosa”.Naquele teste fiz 12 pontos.
Corrigindo e-mail anterior.Caro RobertoShowdeBolaGerosa.Visiteiontem a Expovínis e Previamente seguíà risca as dicas do Blogueiro João F.Clemente aos marinheiros de primeira viagem.Cheguei às 19:00hs.Taça na mão (VAZIA) e iniciei a “catança”de todo o material literário que eu pudesse encontrar e que me fosse permitido.me embriagarei com tantasLetras.Vinhos?Só através de vossosBlogs,nem a pronúncia da palavra VIOGNER.quando puder me ensine por favor,Muito Obrigado!Continuem nos ajudando.
Caro Gerosa,Aqui estou eu novamente. Primeiro as suas materias continuam muito boas. Segundo, procurei via internet nas imprtadoras e não encontrei que importa o Las Perdices Tinamú 2006. Você sabe como adquiri-lo? Os demais você poderia sinaizar quem são os importadores.Abçs, Ricardo
Pois é sou, como diria meu avô, “filhotão” no assunto, mas vou chover no molhado. O ato de tomar vinho encanta, snetar a mesa e conversar sobre vinhos é maravilhoso, é um contar de experiências que faz valer a vida. o que fiquei feliz ao ler a matéria é que o meu vinho (sim o sabor que eu sinto só eu sinto) foi o premiado, quer dizer, não o tipo de uva, mas a vinícola, a Morandé. E mais que o sabor em si, mas pelo contexto de quando o tomei, em pleno zero grau em Santiado do Chile. A cada novo gole, me transporto para lá, e junto vão todos que estão ao meu redor.Abraços a todos e bom vinho!Seo Craudio
Sr Ricardo, o Las Perdices Tinamu e importado segundo vi, pela BODEGAS SELECIONADORES DE VINHO, http://www.bodegas.com.br. Já adquiri o meu!
Roberto Gerosa, apreciei sua reportagem sobre os vinhos da Expovinis 2009. Solicito a fineza de informar os importadores dos selos estrangeiros dos vinhos selecionados e se possível, a lista dos selecionados em segundo e terceiros lugares, se disponível.Grato pela atenção e parabéns pelo trabalhoAdálton
Estive na Expovinis – 5à7 de maio, e degustei do “TINAMU” 2006, UMA BELEZA DE VINHO, taninos macios, aromas maravilhosos e acima de tudo um vinho de muita personalidade.
Como sommelier, presto consultoria em algumas bodegas em Mendoza. Conheço os vinhos Las perdices. Entretanto, não os classificaria como um dos mnelhores, Pelo contrário, têm de ser um pouco mais trabalhados. Este Las Perdices Tinamú 2006é um bom vinho mas acho que está distante de ser um belo vinho.Grato pela oportunidade,Marconni
Como sommelier, presto consultoria em algumas bodegas em Mendoza. Conheço os vinhos Las perdices. Entretanto, não os classificaria como um dos mnelhores, Pelo contrário, têm de ser um pouco mais trabalhados. Este Las Perdices Tinamú 2006é um bom vinho mas acho que está distante de ser um belo vinho.Grato pela oportunidade,Marcell Wendel Marconni