Um dos maiores desafios para os consumidores, desde a invenção da vasilhame e da rolha, é o que fazer para manter as características de um vinho depois de aberta a garrafa – se a alternativa não for entornar todo seu conteúdo, claro. O que nem sempre é um problema, vamos combinar.
Vinho é um produto vivo. E como tal se modifica com o tempo e em determinadas condições. Um vinho exposto ao sol, ao calor ou em contato por longo tempo com o oxigênio sofre alterações em suas características visuais, olfativas e gustativas. No limite vira um vinagrão mesmo, pois oxigênio por longo tempo oxida o vinho. Colocar a rolha de volta – seja de cortiça, sintética ou de rosca – e armazenar na porta da geladeira resolve o problema em parte e por um curto período. Você evita o calor, a mudança de temperatura e poupa o fermentado de contato excessivo com o ar. Mas o ar que ficou entre o vinho e a tampa permanece ali, agindo contra a qualidade do vinho. E cada vez que a garrafa é aberta mais troca de ar é feita.
Leia também: Cortiça, sintética, vidro, alumínio. Várias maneiras de tampar um vinho
Para resolver – ou mitigar – este problema há várias alternativas disponíveis, das mais caras e profissionais às mais acessíveis. Cada uma com um resultado e uma duração diferentes. Uma das soluções mais inovadoras até o momento no entanto, está revolucionando o conceito da preservação atacando diretamente o problema: não é preciso retirar a rolha para beber o vinho, portanto ele não é aberto. Não é magia, é tecnologia. Conheça alguma destas engenhocas e veja como funcionam.
Enomatic – para profissionais
Traquitanas caras e profissionais destinadas a lojas e wine-bars já resolviam em parte a questão do vinho em taça. O equipamento mais conhecido – e instalado em alguns estabelecimentos – é o italiano Enomatic. Trata-se de um investimento caro, restrito a ambientes profissionais, que preserva e mantém pelo uso do nitrogênio as principais características de uma determinada garrafa de vinho por até 21 dias.
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Vacu Vin – fácil de usar e acessível
Uma solução caseira – bem mais acessível – e utilizada também em alguns restaurantes e wine bars é o Vacuum Wine Server, mais conhecido pela marca Vacu Vin. Trata-se de uma bomba de vácuo que puxa o ar de dentro da garrafa aberta através de uma espécie de rolha de borracha própria para a função. A retirada do oxigênio evita a oxidação e prolonga as características da bebida.
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Leia também: O saca-rolhas sumiu! Como abrir sua garrafa de vinho
Winesave – o gás é a solução
Uma nova tendência para manter o vinho é por meio de adição de um gás inerte presente na atmosfera mas que é 2 vezes e meia mais pesado que o oxigênio. Trata-se do argônio, que vem acondicionado em um recipiente com uma válvula e uma pequena mangueira. Ao ser colocado na garrafa aberta, por ser mais pesado o argônio afunda e forma uma barreira entre o vinho e ar impedindo o contato com o oxigênio – o vilão da conservação do vinho – e evitando a oxidação e a perda das características da bebida.
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Coravin – inovador, permite beber o vinho sem abrir a garrafa
Lançado em julho nos Estados Unidos, o sistema Coravin, promete – e aparentemente cumpre – beber pequenas quantidades de uma garrafa preservando o restante do vinho intacto. O sistema invade a garrafa sem danificar nem a rolha e nem a cápsula e extrai a quantidade de vinho desejada, mantendo o líquido em seu interior inalterado e com o mesmo potencial de envelhecimento. É o sonho do vinho em taça em domicílio! Você pode abrir vários rótulos de sua adega, por exemplo. O truque? Não há contato algum de oxigênio com o vinho e a garrafa nem é de fato aberta. Como é possível? Funciona assim
1. O Sistema Coravin é colocado no gargalo da garrafa e enfia um fina agulha oca através da rolha para extrair o vinho, é uma espécie de cateterismo da garrafa. A espessura do furo é tão discreta que não é necessário retirar a cápsula muito menos a rolha.
2. O interior da garrafa então é pressurizado com gás argônio (o mesmo princípio usado pelo winesave, a diferença é que a garrafa não é aberta). A pressurização da garrafa pelo argônio empurra o vinho para o interior oco da agulha que expele o líquido para a taça
3. Após retirar a quantidade de vinho desejada, o sistema e a agulha são retirados. A rolha se recupera naturalmente. O vinho que resta na garrafa permanece intacto e inalterado, como se jamais tivesse sido aberto, pois não teve contato com o oxigênio em nenhum momento. A operação pode ser repetida quantas vezes for necessário e o vinho preservado por longo tempo.
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Wine Access Technology from Coravin on Vimeo.
Publicado originalmente em agosto de 2013
Onde posso encontrar esse produto? Qual a faixa de preço?.
Muito interessante! Onde encontrar e quanto custa ?
legal!!!!
Quanto custa?
Quando chega?
Repondendo aqui ao Marcelo, Mauro e Eusébio.
Ainda não existem informações de quando chega ao Brasil o Coravin.
Pelo site da empresa há uma área de compras (SHOP) com informações de preço nos EUA (U$ 299,00).
http://www.coravin.com/shop/
abraços
Antes mesmo que o pontífice aterrasse no Brasil, uma auto-indagação: Seu vinho para as refeições seria o Malbec de sua terra ou, um Brunello toscano elaborado bem perto do Vaticano?
Tanto Mendoza na Argentina quanto a Toscana na Itália tem o que um papa merece de melhor em sua taça, mas, e aí aquela de o vinho para o Francisco seria um caldo de Jundiaí, custei acreditar. Felizmente deu no que eu esperava, foi divulgado os vinhos servidos ao Santo Padre,
os dois são toscanos de vinícola com fama mundial, ademais sem custar nenhuma fortuna, agradou a humildade franciscana e eu também que já fui atrás de ambos para bebê-los também.
Rocha, pode passar os nomes e safras dos vinhos toscanos?
Abraços
Ferro,
está na nota anterior, aqui ó
http://vinho.ig.com.br/2013/08/08/o-vinho-que-o-papa-francisco-bebeu-no-brasil-foi-italiano/
abração
Beto, excelente descritivo. Com os vídeos, fica muito mais fácil entender o conceito. Adorei! Tenho a bombinha à vácuo em casa, mas quase nunca a uso (é raro sobrar algum pingo na garrafa). Mas pelo que vi, estou a usando errado. O certo seria tampar a garrafa a cada taça extraída? E aquela história que é bom deixar a garrafa aberta para aerar o vinho enquanto o consome? Mas o sonho de consumo sem dúvida é o Coravin! Pena que não vai funcionar com as eficientes rolhas de rosca.
Forte abraço.
Ferro
Oi Ferro, tudo bem?
Vamos lá. Também tenho a bombinha e uso pouco, mas quando, por exemplo, quero provar um branco e um tinto e vai sobrar vinho é uma boa opção para manter por alguns dias.
Não precisa tampar a cada taça, aí é exagero. Mas se você sabe que vai beber apenas uma taça, ou depois da segunda não tem certeza se continua a árdua tarefa, melhor tampar para garantir a manutenção das carcaterísticas do vinho. Tem até uma linha de especialistas que acha que o fato de extrair o ar leva junto parte dos aromas, o que é uma bobagem.
Deixar o vinho aberto para decantar é bom. Oxigênio para o vinho é positivo, ele pode “abrir” mais o vinho, liberar os aromas – principalmente de vinhos mais antigos -, estas coisas. Tanto é que alguns tintos e brancos vão se modificando na taça. O problema, como escrevi no texto, é o tempo de exposição ao oxigênio. Quando muito prolongado pode começar a afetar o vinho de maneira negativa. Tem um texto meu sobre isso, sobre o uso de Decanters, que fazem este papel de arear o vinho, aqui: http://vinho.ig.com.br/2009/06/04/para-que-serve-um-decanter/
Existem outras engenhocas que fazem este papel, será tema de um post no futuro.
no mais, honrado em saber que continua me lendo…
abraços
Boa leitura
Beto,
Eu e o Marcelo gostamos muito desta matéria, muito bem descrita e com os vídeos ficou perfeita.
A gente sempre se perguntava como poderíamos conservar aquela garrafa aberta que não fosse consumida sem perde-la. Como medida mais efetiva (rs.rs.rs.) não deixávamos sobrar… que sacrifício, não é mesmo?!
Mas, realmente foi útil saber, porque temos vários amigos amantes do vinho e nos encontros quando se quer fazer algumas provas, o Vacu Vin pode ser uma opção caseira viável.
Depois de ler a sua matéria pesquisamos e encontramos alguns kits à venda pela internet em torno de R$ 65,00.
Abraços!
Oi Rita
que legal que gostaram da matéria e foi útil.
É este mesmo o preço e funciona bem
abraços
Uma outra forma bem legal é me convidar quando for abrir um vinho, aí não vai precisar de engenhoca nenhuma…. rsrs.
Brincadeira à parte, valeu pelas dicas: muitas vezes deixei de comprar ou tomar vinho por este problema, agora vou repensar.
Abraço!
Ricardo.
Poderia me orientar Beto?
Outro dia abri uma garrafa do vinho Lambrusco, de 2008. Ele estava completamente avinagrado, impossível de beber. A garrafa ficou na horizontal e num local sem a incidência de sol. Ao abrir a garrafa, a rolha estava intacta e úmida.
O que pode ter acontecido?
Qual o tempo máximo de guarda para vinhos frizantes ou para espumantes?
Valeu, grande abraço.
Olá Bruno
A questão do envelhecimento do vinho é outro mito que é uma meia-verdade.
A maioria dos vinhos é produzida para ser consumida assim que é lançada no mercado. Não é para guardar.
Em especial os vinhos do dia-a-dia, vinhos brancos mais leves, espumantes e cavas mais simples e tintos de consumo diário.
O lambrusco no geral se enquadra nesta categoria de vinhos mais simples que perdem seu frescor, sua fruta com o tempo na garrafa e no limite vai avinagrar. Mesmo que a garrafa esteja acondicionada com todos os cuidados que você mencionou. A guarda adequada pode atrasar um pouco este declínio mas mesmo o melhor dos vinhos, aqueles com capacidade de envelhecimento, têm seuciclo de vida com nascimento, apogeu e seu declínio.
Portanto, um Lambrusco 2008 deveria ter aguentado no máximo uns 3 anos na garrafa. Espumantes e vinhos frizantes também devem ser consumidos logo – você não vai ganhar nada guardando eles -, no máximo em 2 ou 3 anos. Mas claro que há garrafas e garrafas, umas podem durar mais e outras menos. Mas a lógica é essa: consuma lambruscos, espumantes e frizantes rapidamente, compre sempre safras recentes. E se sobrar, guardar por no máximo 2 ou 3 anos para não ter surpresas desagradáveis
abraços
Muito boa a matéria. O blog está de parabéns!!!
Encontrei vinhos bons com ótimos preços no site http://www.vinhobr.com.br
Vale a pena conferir