Todo dia 15 de novembro o tinto francês Beaujolais Noveau chega, ao mesmo tempo, em vários pontos de venda do planeta com um jargão já conhecido pelos enófilos: Le Beaujolais Noveau est arrivé! É uma festa! O Beaujolais é um vinho descomplicado, leve, frutado, de pouca extração de cor, feito para ser consumido assim que é lançado, de preferência quase gelado. O rótulo costuma ser bem colorido, com uma aparência moderna e divertida, bem no espírito do vinho. A uva é sempre a mesma: a gamay, a única variedade tinta permitida na Borgonha além da pinot noir.
No Brasil, a Miolo é uma das raras vinícolas a ter um gamay em seu catálogo. “É um tinto jovem e leve que se identifica muito com o nosso clima tropical”, avalia o diretor-superintendente da empresa, Adriano Miolo. É por que acredita no potencial de um vinho mais descompromissado, mas com qualidade, que a Miolo resolveu repaginar seu gamay.
Marionnet quem?
Para isso trouxe da França um dos mais conceituados conhecedores da uva gamay, o produtor francês Henry Marionnet. Curiosamente o novo parceiro para este projeto é um vinicultor de Touraine, no Vale do Loire, e não da Borgonha. Seu nome estará colado à campanha de lançamento da safra 2009 como sinônimo de aposta na qualidade. Até aí, tudo bem, o problema é que será necessária uma outra campanha, para explicar quem raios é Marionnet. No intuito de colaborar com a cultura do vinho no país, este Blog do Vinho, vai contar aqui quem é ele.
Henry Marionnet é proprietário da Domaine de La Charmoise, e é considerado pelo crítico americano Robert Parker, no seu Guia Parker des Vins de France, como um dos melhores viticultores da França. A vinificação da gamay é uma de suas maiores especialidades. Em entrevista à revista francesa Le Revue du Vin ele declarou que desde a primeira colheita da variedade, em 1973 “o resultado ultrapassou todas as minhas expectativas”. Ali é produzido o vinho top de linha Domaine de La Charmoise, o Le Cépages Oubliet, que será comercializado no Brasil pela Miolo. Faz parte do acordo. Em contrapartida, nós vamos invadir o bistrô deles, e o gamay 2009 da Miolo será distribuído por Marionnet na Europa.
O dedo de Marionnet
Adriano e Marionnet se conheceram em outubro de 2008 em Paris, durante a Sial, Salon International de l’Agroalimentaire International. Foi lá que eles iniciaram o acerto da atual parceria. Seus palpites se limitaram ao processo de produção. Mas a mudança começou nas parreiras. A uva gamay deixou de ser produzida no Vale dos Vinhedos e passou a ser cultivada no Projeto Fortaleza do Seival Vineyards, na região da Campanha do Rio Grande do Sul: “As uvas ali apresentam melhor maturação”, comenta Adriano. A Miolo deixou de desengaçar as frutas para colocá-las junto com os cachos no tanque. Elas são prensadas após sete dias e a fermentação só ocorre neste momento. Pra que saber tudo isso? Por que este processo torna o vinho mais fresco e frutado. “É algo como um vinho branco com fruta”, compara Adriano. O vinho deve ser servido gelado, entre 10 a 12 graus.
O gamay nas prateleiras
O lançamento será na semana que vem, no Rio de Janeiro, com a presença de Marionnet, que agora você já sabe quem é. Serão 200 mil garrafas distribuídas nas prateleiras, além de uma prática embalagem de bag in box, de 5 litros. É um vinho acessível, entre 20 (no site da Miolo) e 24 reais. Adriano promete fazer uma campanha nos moldes do Beaujolais francês. Este blog traz sua contribuição sugerindo uma carnavalização no jargão: “O Beaujolais brasileiro tá na área!”
Resta conferir se o consumidor vai comprar a ideia e se ideia na taça vai cumprir a promessa de qualidade para um vinho de verão. A conferir.
Domaine de La Charmoise
Miolo
Experimentei o 1° Gamay da Miolo vamos dizer assim e gostei, lembro que paguei uns R$11,00 no ano passado. Vou experimentar esse novo também. Um vizinho meu, em viagem recente à França, trouxe de lá um Beaujolais Georges Dubceuf, não lembro o nome específico na garrafa, enfim pagou apenas 8,00. Sensacional o vinho e nem sei ao certo se acha esse rótulo aqui no Brasil.
A Don Laurindo fazia um Gamay maravilhoso. Todo ano eu bebia. Mas depois, nao sei porque, pararam de produzir.O Gamay da Miolo sempre foi ruim. Espero que agora melhore.
Meus caros, acho que o único pequeno preconceito que tenho com relação a vinhos se refere ao Beaujolais. Nem mesmo os dos melhores produtores franceses me convencem. E quando vejo a tentativa de se fazer um Beaujolais aqui no Brasil aí pega mais ainda… Espero que um dia algum deles me faça mudar de idéia, o que confesso me deixaria feliz!
Quando há uns treze ou quatorze anos atrás, depois de uma enorme propaganda, daquele do vinho que está até hoje na tv, sobre as deliciais do Beaujolais Noveau, corri até a sua importadora e comprei o tal e fui para casa de uns amigos com a iguaria, que nada ,foi unânime ninguém gostou. Há poucos meses experimentei esse da Miolo safra 2008, péssimo muito pior que o francês , gosto e cheiro de bebida de uva de criança, aquelas que vem na garrafinha de plástico, nada pior.
Provei o Gamay da Miolo há uns dois ou tres anos, numa promoção de lançamento que eles fizeram com vários restaurantes. Era bem baratinho, mas não me convenceu. Agora, com assessoria especializada do calibre do Marionnet, certamente deve ter melhorado o padrão. Foi na decada se setenta, mas tenho muito boas lembranças do Gamay produzido em Viamão pelo Oscar Guglielmone, merecedor de uma postagem dedicada a ele: fica a sugestão.