Sabe aquela história de crise no mercado de vinhos que a gente escuta todos os anos? Pois é, no mundo do espumantes nacionais todas as maiores empresas revelaram crescimento em 2014 (ver post Espumantes brasileiros: preferência nacional e consumo no final do ano). O mundo dos importados, “mesmo com todo o emblema, todo o problema, todo o sistema”, vai levando os números para cima. O crescimento em relação a 2013 foi de 12,5%. É isso que mostram os números consolidados de importação de vinhos de 2014 preparado semestralmente pelo consultor Adão Morellatto.
Em um país com déficit de dados, este levantamento realizado por Morellatto é um trabalho importante que mostra como está o mercado de vinhos importados no Brasil. Morellato explica: “Em valor estamos próximo de um montante de USD 325.000.000,00 e algo como 9.000 conteiners de 1.000 CX/12; somente por estes números dá-se para imaginar o tamanho, complexidade, versatilidade, dinâmica e valores que envolve este setor. Levantando os dados de 2007 x 2014, a performance foi 93,45% ou uma média ponderada de 13,35% anual. Poucos e segmentados produtos cresceram nesta proporção. E ainda há o fator cambial, que em 2014 aumentou em quase 15%.” Resultado nada mal em um país que teve um crescimento perto de zero em 2014.
Para o consumidor, estes números apenas planilham uma constatação que pode ser verificada nas prateleiras dos supermercados, nos sites de e-commerce e cartas de vinho dos restaurantes. A maioria de rótulos é de vinhos chilenos, argentinos, portugueses, franceses e italianos. Além dos brasileiros que não entram, evidentemente, nesta análise de importados.
O Chile está perto de abranger 50% do mercado de vinho fino.
Abaixo um resumo das principais informações e dados consolidados pela análise de Adão Morellato
1º. CHILE: Existe uma grande possibilidade de o Chile em breve dominar 50% do mercado brasileiro de vinhos finos. Se considerar somente o tipo vinho fino, ele representa quase 46,40% em valor, porém no consolidado, retrai-se um pouco para 35,30% em valor e 44,39% em volume. Seu preço médio está 25% mais econômico que os vinhos argentinos. O crescimento em 2014 foi de 25,59% alavancado principalmente pela estratégica das grandes empresas chilenas em priorizar os 5 mercados chaves: USA, Reino Unido, China, Japão e Brasil
- Leia também – Eduardo Chadwick, a história das degustações que colocaram o vinho chileno entre os melhores do mundo
- Leia Também: Vinhos e vinícolas chilenas: anotações de uma viagem
2º. ARGENTINA: Contrariando os prognósticos locais, apresentou um crescimento de 9,52% e sua participação caiu um pouco, hoje estabelece-se nos patamares de 17% de volume e valor. (para se ter uma ideia em julho de 2013 os vinhos argentinos detinham 21,09% em valor e de 20,21% em volume). As razões? As políticas econômicas do atual governo. Enquanto Chile manteve seu preço médio em USD 3,20 p/ litro, na Argentina houve um aumento de 3,08%, chegando a USD 4,01 p/ litro
- Leia também: 50 vinhos argentinos que vale a pena conhecer
- Leia também: Weineter, um vinho argentino para quem gosta de tintos envelhecidos
3º. FRANÇA: A França apresenta-se em terceiro lugar neste ranking devido ao valor de seus produtos atingirem quase 15% de participação, mesmo com um índice em volume de apenas 5,85%. Isso se explica pelo preço médio de USD 10,30 p/ litro, influenciado pelo alto valor agregado do champagne, que sozinho representa 37,82% de toda exportação francesa.
- Leia também: Vinhos da Borgonha no céu e na terra
- Leia também: Chablis, um chardonnay com gosto de pedra
4º. PORTUGAL: Por uma pequena diferença com a França, Portugal passa para a quarta posição. Participa com quase 12% de Share, com crescimento de 4,50% e preços médio de USD 3,88 p/ litro
- Leia também: Bacalhau e vinho: tinto ou branco
- Leia também: Pera Manca: o vinho que descobriu o Brasil
- Leia também: 50 top vinhos de Portugal e algumas escolhas pessoais
5º. ITÁLIA: Em 2014 cresceu 3,97%, com participação bem próxima de Portugal, exatos 11,13% em valor e de 11,68% em volume. Já não há tanta influência do vinho tipo Lambrusco que chegou a representar quase 50% de todo o volume de vinhos deste país há alguns anos. O Vinho Prosecco representa 12,34% de market share no seu montante total.
- Leia também: Angelo Gaja, o porta-voz do vinho italiano de qualidade
- Leia também: Sob o sol da Toscana, uma visita à vinícola Antinori
6º. ESPANHA: De 2007 há 2014 a Espanha vinha apresentando um crescimento a uma média de 31% ao ano. Em 2014, contrariando os anos anteriores, apresentou uma ligeira queda de quase -1%, só não caiu mais devido ao vinho (CAVA) ter crescido sua participação em 16,06%, representando 26,17% na totalidade.
- Leia também: O saca-rolhas sumiu! Como abrir sua garrafa de vinho
- Leia também: Parente é serpente. A briga em família pelo Vega Sicilia
7º. DEMAIS PAÍSES: Apresentam menos de 5% de participação, com destaque evolutivo para os países: Alemanha = 16,72% / Africa do Sul =54,95% / USA = 47,90%, queda abrupta da Austrália em 69% e Uruguay que patina nos números idênticos ao ano de 2007.
Leia também: 10 dicas de como escolher e comprar o seu vinho
Dados extraídos do Análise de Mercado de 2014 da análise de
ADAO AUGUSTO A. MORELLATTO
INTERNATIONAL CONSULTING
Muito bom esta pesquisa sobre vinho.
Vou passar acompanhar o BLOG DO VINHO.