Sabe como degustar vinho ao estilo chinês novo-rico e sem tradição na bebida? Despeje em uma taça, em partes iguais, um tanto de vinho tinto e outro bocado de Coca-Cola. Balance o copo a fim de mesclar bem os dois líquidos. Pronto, a desgraça está feita. O problema agora é beber a coisa… O Blog do Vinho fez a experiência: o relato está no final deste post.
Para ser justo, é bom avisar que não se trata de uma invenção (ou inversão) chinesa. A mistura com vinho mais barato é até comum ao redor do mundo – no sul do Brasil é conhecido como Pé Sujo e Porta Aberta e consumido entre a garotada – a que tudo se perdoa pela inexperiência. No vizinho Chile é chamado de Jote. Em Moçambique é chamado de Catemba. Na Espanha a bebida ganha o nome de Calimocho ou Rioja Libre (adaptação de Cuba Libre) e em países do leste europeu de Bambu.
Mas uma coisa é mesclar tinto de garrafão ou de qualidade duvidosa com refrigerante. O objetivo é obter uma bebida alcoólica barata, bem doce e um pouco refrescante. E que nada lembra a sofisticação ou a finesse de um vinho. Já conspurcar um vinho como um Mouton Rotschild, Margoux, Petrus e similares com Coca-Cola muda um pouco o cenário. A celebrada crítica inglesa Jancis Robinson em entrevista à CNN comentou o hábito deste novo consumidor novo-rico quando esteve na China: “Soube que pessoas de muito dinheiro aqui compram rótulos franceses muito caros, mas não gostam do sabor da bebida, então eles misturam um pouco de Coca-Cola ou Sprite. Esta não é a maneira mais adequada de se apreciar um vinho”, lamentou.
O empresário José Manuel Rodrigues Berardo, um dos dez homens mais ricos de Portugal e proprietário da vinícola Quinta da Bacalhôa, em recente visita ao Brasil contou a mesma história a este Blog. A China é hoje o principal mercado para os vinhos produzidos por Berardo. O Brasil já foi seu primeiro mercado, perdido primeiro por Moçambique a agora ultrapassado pela China. Mas parte dos tintos que comercializa lá é consumido em uma rede de karaokês com Coca-Cola, para consternação de Berardo. Outro lusitano produtor de caldos finos de sucesso entre público e critica, Luis Pato, também já havia feito relatos sobre a mescla de refrigerante e parte de seus rótulos negociados no oriente.
Aqui vale um parênteses. É claro que há um mercado sofisticado na China que sabe apreciar um bom tinto, branco e espumante. Enormes feiras de vinho acontecem no pais, como a VinExpo China. A China é o oitavo maior consumidor de vinho do mundo e deve saltar para a sétima posição em 2013 quando se espera que sejam abertas a bagatela de 1,26 bilhão de garrafas de vinho. Mas o tamanho do mercado e a volúpia do novo dinheiro gera este tipo de excentricidade. O consumidor chinês que ainda está se educando na bebida tem o fetiche pelo rótulo sofisticado, mas o paladar ainda é infantil e doce. Parte-se para a solução mais prática: e dá-lhe Coca-Cola na taça!
Bebendo vinho e coca: uma experiência desagradável
Este Blog, na sua incansável missão de poupar o leitor das agruras deste mundo, resolveu conferir o que acontece quando se juntam em medidas iguais vinho tinto e refrigerante. A experiência foi registrada por uma câmara amadora, como prova de autenticidade (veja o vídeo abaixo). O resultado poderia ser resumido em uma frase: não façam isso em casa! Trata-se da maneira mais rápida de estragar um refrigerante e humilhar um vinho. A cor é de aperitivo do tipo Cynar, o aroma lembra de um bitter de quinta categoria ou de um chá com prazo de validade vencido, a boca confirma o desastre da alquimia dos inocentes (ou indecentes): uma bebida ligeiramente frisante, com a doçura exagerada do refrigerante em conflito com um amargor final que surge do confronto das duas bebidas, aquele chá velho vem para a boca também. Os aromas e sabores do vinho original – no caso um blend de cabernet sauvignon e carmenère da produtora chilena Viña Montes – são diluídos até o limite do extermínio. Não é vinho. Não é Coca-Cola. É um crime contra a dignidade das duas bebidas.
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Coisa de chines.
Porque estragar o vinho? Se o cara comprou e pagou ele faz o que quiser, pode tomar misturado até com gasolina (não que seja recomendável).
Se o cara conhece ou não de vinho problema dele, ele gosta e ponto final.
ridículo este texto!
O autor faz uma superioridade repulsiva!
Se ele não gosta, tudo bem, mas isso não
significa que a mistura seja tão ruim.
“Ah! mas vc não entende de vinho!”
mais a maioria esmagadora que o consome também não entende.
E isso não é sinal de mau gosto!
já havia bebido a mistura e gostei. É muito comum na minha cidade.
Achei o autor muito “sensacionalista” .
É muita cafonice ficar defendendo a pureza do vinho, da safra, das uvas, da sua tradição, do aroma ou sei lá mais o que. Cada um bebe o que quer. O importante é gostar. Eu, por exemplo, não gosto de refrigerante, mas curto um bom vinho suave (doce mesmo). Acontece que agora é crime pedir vinho suave nos restaurantes. Os garçons torcem o nariz e só faltam chamar a polícia. Como dizia o velho e bom Raul: “falta de cultura pra cuspir na escultura”. Quantos aos chineses, como seria bom se a estrupulias deles se resumicem a misturar vinho com xarope. A sanha consumista daquele povo pode jogar uma pá de cal sobre o meio ambiente e o pouco de verde que ainda resta neste planeta.
Eu gosto!
Patético comprar uma bebido a qual não se gosta só pelo seu rótulo e preço. Mas acho mais patético ainda pessoas pedantes palpitando sobre o gosto alheio!! Se eles gostam é problema deles, ninguém gosta de gente arrogante dando pitaco na sua cultura!!!!
LAMENTÁVEL!!!!!!!!!!!!!!
Beto,
Boas falas. Como diza Tim Maia, “tudo é tudo, nada é nada”…
Concordo plenamente. Mas, como gosto não se discute, que venham os chineses. E fiquem bem longe de mim.
Amei o blog. Parabén prá você, Margarida e Ismael.
Bjs.
Isabella, colega de faculdade
nossa parece ser uma mistura super estranha, mais uma novidade q vale a pena esperimentar,
passe no blog da chopp kremer e se delicie nas combinações perfeitas.
http://www.choppkremer.com.br
Misturar vinho com coca-cola soa tão mal quanto misturar sabores de frutas (Blergh!) ao chocolate…
Qualquer bom chocólatra ficaria enjoado em pensar nos recheios bizarros que se vêem por aí, como laranja (vou vomitar..), coco (jucaaaaa) e outras atrocidades mais…
Da mesma forma como qualquer bom apreciador de vinho achará o mesmo do sacrilégio tão bem descrito no artigo acima.
Que mistura horrivel completamente diferente e estranha não é muito bom prefiro degustar apenas o vinho.