Sete é aquele número mágico meio bombril, serve tanto para a religião como para literatura ou mesmo a publicidade. São sete as maravilhas do mundo antigo e moderno, as pragas do Egito, os dias da semana, as notas musicais, as cores do arco-íris, os buracos da cabeça, os anões da literatura infantil. A lista é longa e atende todos os gostos. Sete é o número impresso no rótulo do vinho que é tema deste post: Salton Septimum (em latim, né, por que é sempre mais dramático).
O 7 não está no rótulo por acaso. Homenageia sete irmãos da primeira geração da família do fundador da vinícola, filhos de Antonio Domenico Salton. Sete também são as uvas usadas: teroldego, cabernet sauvignon, merlot, marselan, tannat, petite syrah e cabernet franc. A produção é limitada. São apenas 6.798 garrafas. Quase lá. Se fossem 7.000 seria perfeito. Vamos combinar, é uma boa sacada. Parece que o espírito de seduzir o consumidor, uma característica marcante de Angelo Salton, ex-presidente da empresa e um dos sete irmãos (1952-2009), permanece vivo. Mas o sete não é só uma jogada marqueteira. Sem um bom produto não há publcidade que pare de pé. O vinho tem qualidades. É uma aposta no potencial de um tinto exclusivo de safras de excelência.
- Leia também: Angelo Salton (!952-2009)
Leia também: O vinho brasileiro ganha espaço em restaurantes, em loja exclusiva e na sua casa
Sete razões para beber um Salton Septimum
- É BOM. A primeira é aquela que sempre guia este blog e deveria nortear qualquer escolha de quem curte a bebida: o vinho é bom. O que é diferente de dizer que é um “bom vinho nacional”. Ser brasileiro não determina a qualidade ou o defeito de um vinho. O complemento nacional ao adjetivo bom das avaliações de vinho em geral carrega sempre um componente preconceituoso e elitista. Um olhar atento é capaz de perceber um virtual advérbio “apesar” escondido no meio da frase. Não é o caso aqui: Salton Septimum é um bom vinho. Ponto. Um vinho com personalidade, estilo e pegada. Por acaso, é um vinho nacional.
- Leia também: Vinho nacional de qualidade é um paradoxo? A aposta da Salton (2015)2. PARA BEBER E GUARDAR. Esta é a segunda safra do vinho. A primeira, lançada em 2009, está praticamente esgotada. A de 2012 vai para o mesmo caminho. No site da empresa não há garrafas do 2012 à venda na loja virtual (em parceria com o e-comerce Wine). Mas se encontra por aí. Vale ter em casa para abrir agora (já está bem redondo) ou aguardar o efeito do tempo (as garrafas esperaram 12 meses para sair ao mercado). O tanino abraçado com a acidez dão estrutura e potencializam a evolução com o passar dos anos.
- Leia também: Primeira Estrada: vinho fino de Minas Gerais abre caminho para rótulos do Sudeste do Brasil (2013)
- VINHO DE ENÓLOGO. Um blend é sempre uma construção do enólogo. Pode ser comparado a uma receita onde as sete uvas são os ingredientes e a decisão do corte e das porcentagens, da fermentação em barricas, o tempo de madeira (12 meses, francesa) são os temperos. O resultado aqui é um vinho equilibrado. No caso, um trabalho do enólogo Lucindo Copat.
- VINHO DE CORTE. As sete uvas utilizadas, teroldego, cabernet sauvignon, merlot, marselan, tannat, petite syrah e cabernet franc mostram o
potencial dos vinhedos da região de Campanha Gaúcha, cada vez melhores. A diferença entra a safra de 2009 e 2012 é saída da ancelota e a entrada da petite syrah. As uvas não se sobrepõem, e sim compõem uma matriz de sabores e aromas agradáveis. (No contrarrótulo do vinho – imagem ao lado – há uma descrição oficial das características que cada variedade aporta ao vinho. Uma informação didática, e bacana para o consumidor. Não convém repetir aqui a percepção do enólogo. Você encontra o descritivo oficial repetido como papagaio em outras resenhas do vinho por aí.) - ELEGÂNCIA, SABOR e FRESCOR. É um vinho elegante, que exibe notas de frutas maduras integradas com a madeira, especiarias, mostra maciez dos taninos, boa acidez, nervo e final de boca fresco, o que indica potencial de guarda. Tem um estilo mais contemporâneo de vinhos estruturados, potentes, porém com frescor. Luciana Salton, diretora da empresa, resume de forma superlativa: “um vinhaço”. O enólogo Gregório Salton, carrega nas tintas e define como “avassalador”. Um vinhaço avassalador, então, na opinião dos donos da bola.
Leia também: Salton completa 100 anos e lança um tinto e um espumante para comemorar
6. HISTÓRIA. É um rótulo que celebra uma tradição e uma empresa fundada em 1910, a Salton. E para isso buscou fazer o melhor. Ao contrário do que se pensa, a indústria do vinho no Brasil não começou ontem… Trata-se de uma vinícola com um olho no consumidor do dia a dia, que produz vinhos finos de volume, como a linha Salton Classic, a 25 reais, e espumantes dos mais variados estilos e preços, e outro no apreciador mais exigente. No início dos anos 2000 surpreendeu a crítica com rótulos mais ambiciosos, como o Talento (também um blend), lançado em 2004 com a safra 2002 (R$ 108,00) e o Desejo (100% merlot), que veio ao mercado em 2005 com a safra do ano anterior (R$ 108,00).
Leia também: Espumantes brasileiros: preferência nacional
- CONTINUIDADE. A sétima razão é para fechar um ciclo. A próxima safra do Septimum Salton será a de 2018. E o enólogo agora é o Gregório Salton. Será uma ótima oportunidade comparar os vinhos, os enólogos diferentes e os anos separam as safras. E encontrar suas sete razões. Ou não.
Salton Septimum 2012
Produtor: Salton
Região: Campanha Gaúcha, Rio Grande do Sul
Uvas: teroldego, cabernet sauvignon, merlot, marselan, tannat, petite syrah e cabernet franc
R$: 170,00
- Leia também: Vinho nacional pode ser caro?
Bebi muito vinho SALTON e lembro me de sua propaganda A VIDA É BELA E O MUNDO É BOM QUANDO SE BEBE VINHO SALTON.
Oi David, uma das coisas boas do vinho é trazer boas lembranças. Obrigado por seu comentário, volte sempre. Abs Beto Gerosa
E lembrei me ainda que ouvi muito mais ou menos assim VAMOS TODOS CANTAR JUNTOS E NO MESMO TOM A VIDA É BELA E O MUNDO É BOM QUANDO SE BEBE VINHO SALTOM.
Sou um apreciador “principiante”, pois ainda não me aprofundei na degustação e nas comparações. Mas, como integrante do “baixo clero”, sou obrigado a me lembrar do Salton Intenso: é delicioso.
Oi Hermógenes, sim a linha Salton Intenso é bastante boa. Eu gosto mais do Merlot. Abraços
Faltou a 2a. razão…