Dia dos pais. Difícil comprar um presente para o seu velho, não? Chegar de mãos abanando, dar um abraço e passar parte do dia ao seu lado é o que vale. Sem dúvida. Mas aposto que se você chegar com uma garrafa de vinho nas mãos o sorriso vai ser mais largo (com a premissa de que seu pai aprecia um vinho). “Não precisava”, é um clássico dissimulado. “Vamos abrir e tomar juntos”, é outro mais verossímel.
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O Blog do Vinho sugere então uma solução fácil, que deve satisfazer todo tipo de progenitor, do mais moderno ao mais tradicional, do neófito ao conhecedor de vinho. Se o “cara” curte vinho com certeza deve desarrolhar algum vinho chileno de quando em vez. O motivo é simples: o Brasil é o quarto mercado mundial de vinhos para o Chile. São de 5 a 7 milhões de caixas de vinhos que inundam as prateleiras físicas, virtuais e restaurantes do país, 45% do volume consumido é de vinhos chilenos.
Arrisco então sugerir 11 vinhos chilenos que provei recentemente. Os descritivos dos vinhos, vamos combinar, não se alteram muito, principalmente quando se tratam de vinhos de mesma região e país. No caso de brancos, frutas brancas, cítricos, frescor, acidez, untuosidade, Já nos tintos, são onipresentes as frutas vermelhas e negras (no Chile o cassis é campeão), especiarias, pimenta negra um toque ou não de madeira, persistência, potência, taninos macios (quando o vinho desce macio), boa acidez, final longo. Todos os rótulos têm seus méritos, se não não estariam nesta lista. O objetivo aqui é tentar combinar o gosto do seu pai a um tipo de vinho. Esta é a proposta.
Um abraço para seu pai. E para o meu. E vamos aos vinhos.
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2 brancos, pra começar
Toro de Piedra Gran Reserva 2016 – Chardonnay
Produtor : Viña Requingua
Uva: chardonnay
Região: Maule
R$ 70,00
Para que tipo de pai: aquele que curte um vinho branco mais estruturado, com untuosidade, amanteigado, muita fruta e fácil de beber. A primeira vez que provei este rótulo foi no meio da vinícola, no alto de uma colina, na região do Maule, uma vista deslumbrante. O Toro pegou o vinho pelo chifre e me impressionou bem, mas como o cenário belíssimo pode influenciar na avaliação repeti a prova agora e a memória não traiu. Um bom chardonnay para aqueles que apreciam o estilo clássico chileno dos anos 2000.
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Carmen do Quijada nº1 2016
Produtor: Viña Carmen
Uvas: semillón (95%), sauvignon blanc (5%)
Região: Colchagua
R$ 263,00
Para que tipo de pai: aqui o velho precisa ter alguma bagagem maior e maior volume de litragem para apreciar este espetacular vinho branco da uva menos conhecida semillón. Repleto de pontuações elevadas (Parker, Descorchados). Começa diferente já na cor: um amarelo puxado para ouro bem brilhante. Tem um bom corpo, boca sedosa (ficou em contato com borras por 4 meses), notas cítricas, um delicioso frescor e potência final.
8 tintos clássicos e 1 nem tanto
Ventisquero Reserva Red Blend
Produtor: Viña Ventisquero
Uvas: cabernet sauvignon, carmenère, syrah e petit verdot.
Região: Maipo
R$: 60,00
Para que tipo de pai: para o papai que quer desfrutar de um vinho fácil de beber, com uma característica mais frutada, um corpo mais leve e com mais doçura e menos acidez. E para o filhão que não pode gastar muito também…
Novas Gran Reserva
Produtor: Emiliana
Uvas: carmenère (85%), cabernet sauvignon (15%)
Região: Colchagua
R$ 80,00
Para que tipo de pai: se ele tem uma preocupação ambiental este rótulo é parte do portfólio da Emiliana, uma das maiores vinícolas orgânicas do Chile e do mundo. Orgânicos e em alguns vinhos já no segundo estágio da coisa, com rótulos biodinâmicos, a Emiliana entrega vinho corretos, equilibrados e de diversos níveis. Aqui usa barricas de primeiro até quarto uso, misturando ainda com tanques de inox. A linha Novas não me decepciona nunca, fácil de beber, a carmenère, de uma zona alta de solo pedregoso, domina a mistura e aporta aromas de especiarias, frutas e chocolate amargo, principalmente depois de um tempo volatizando na taça.
Chaski Petit Verdot 2014
Produtor: Pérez Cruz
Uva: petit verdot
Região: Maipo
R$ 135,00
Para que tipo de pai: que já provou muitos rótulos chilenos, curte aquela pegada de cortes bordaleses e pode se surpreender com um varietal de petit verdot, uva que geralmente entra em pequenas porcentagens nestas mesclas tintas. Aqui vai encontrar um caldo elegante, com boa presença de ervas e pimenta negra, mais fresco e redondo. Uma belezinha que merece ser conhecido e com certeza vai agradar.
1865 Syrah 2015
Produtor: Viña San Pedro
Uva: syrah
Região: Cachapoal
R$ 154,00
Para que tipo de pai: a syrah é uma das melhores promessas chilenas e os vinhos elaborados com esta uva estão conquistando os paladares do consumidor brasilero. Então se o teu pai já está um pouco cansado da dupla cabernet sauvignon&carmenère muito provavelmente está procurando outras variedades e a syrah é uma aposta certeira. A linha 1865 tem um perfil de qualidade, fruta e potência. O syrah mostra musculatura, persistência de aromas e de boca, revelando aquela fruta madura misturada com especiarias.
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Quinta Generación 2015
Produtor: Casa Silva
Uvas: cabernet sauvignon (45%), carmenère (45%), syrah (5%), petit verdot (5%)
Região: Colchagua
R$ 180,00
Para que tipo de pai: este é um vinho repleto de símbolos para os pais. O nome vem da geração que hoje comanda a Casa Silva, a quinta. E as variedades usadas foram plantadas tanto pela primeira como pela quinta geração da família. É um vinho, portanto, que celebra a família. A carmenère e a cabernet sauvignon são uma dupla caipira do vinho chileno, são duas vozes que se completam. É isso que o notório enólogo Mario Geisse demonstra aqui. O objetivo é trazer uma conjunção de taninos macios e agradáveis, muita fruta em boca (auxiliado por pequenas parcelas de syrah e petit verdot) e um final bem gostoso.
Marques de Casa Concha Etiqueta Negra 2016
Produtor: Concha y Toro
Uvas: cabernet sauvignon (60%), cabernet franc (32%), petit verdot (8%)
Região: Alto Maipo
R$ 230,00
Para que tipo de pai: se o seu pai já é bebedor dos tintos chilenos, e em especial da linha Marques de Casa Concha, esta é uma novidade que vai agradar em cheio. O O brilhante e eclético enólogo Marcelo Papa – que cuida de vários linhas importantes da megavinícola – elaborou o primeiro blend da linha Marques misturando uvas do Maipo com 60% de cabernet sauvignon de vinhedos de 35 anos e 32% de cabernet franc de 20 anos (segundo Papa um cabernet franc de qualidade extraordinária). Desce como um veludo, talvez o Marques mais fácil de beber, com o tal cassis se exibindo em boca, sem grandes novidades, como o próprio Papa enfatiza. Expressão do Alto Maipo. Nasce um clássico.
Ritual Syrah Alcaparral 2015
Produtor: Viñedos Veramonte
Região: Casablanca
Uva: syrah
R$ 269,00
Para que tipo de pai: seu pai gosta de comparar vinhos de uma mesma uva de regiões diferentes? Bingo! Você pode levar duas garrafas para o velho fazer uma brincadeira e escolher um syrah de Colchagua (1865, acima) e um syrah da região mais fria de Casablanca. Aqui temos um caldo mais fresco, com as especiarias esperadas de um syrah e um toque de azeitona, mais puxado para os syrah do Rhone, na França.
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Caballo Loco Grand Cru Apalta 2014
Produtor: Valdivieso
Uvas: carmenère (70%), cabernet sauvignon (25%)
Região: Apalta, Colchagua
R$ 345,00
Para que tipo de pai: para aquele que curte a uva carmenère e procura uma linha de mais qualidade e concentração de frutas e aromas. O nível sobe um pouco (e o preço também). A ideia aqui é privilegiar a uva símbolo do Chile e de uma região específica que produz carmenère de alta qualidade: Apalta (no rótulo não aparecem as uvas e sim a região em destaque). A mescla começou meio a meio cabernet sauvignon e carmenère, mas com o tempo foi caminhando para mostrar o potencial da segunda. Passa 18 meses em barris de carvalho francês. Frutas vermelhas e negras maduras, um toque de ervas no nariz, final de boca persistente e macio (os tais taninos suaves).
Lota 2011
Produtor: Cousiño-Macul
Uvas: cabernet sauvignon (75%), merlot (25%)
Região Maipo
R$ 595,00
Para que tipo de pai: para um pai exigente (e um filho mais abonado), que já está acostumado aos grandes cabernet sauvignon do Chile, em especial aqueles elaborados na região do Alto Maipo, o crème de la crème dos vinhedos de qualidade desta variedade. A Cousiño Macul é uma vinícola praticamente ilhada entre condomínios residenciais e muito próxima da capital de Santiago. O Lota teve sua primeira safra em 2003, para comemorar os 150 anos da empresa familiar. É portanto mais uma celebração da família e da tradição. É um vinhaço, da safra mais antiga aqui do painel: 2011. Um clássico do corte bordalês com a predominância do cabernet sauvignon (75%) suavizado com a merlot. A safra 2011 já mostra como o tempo faz bem a este classe de vinhos mais tops. Além das frutas vermelhas e negras de sempre no nariz e na boca, notas terrosas e baunilha (estagia 18 mesas em barricas novas). Alia elegância e intensidade e boa acidez. Se o seu pai, além da experiência com vinhos de qualidade tiver a virtude da paciência, aconselho guardar mais tempo esta garrafa na adega. O tempo fará bem ao vinho e ao prazer de bebê-lo sem pressa, num futuro encontro de pai e filho.
Tenho uma garrafa de vinho do naufrágio do vapor Bahia 1887.
Qual seu valor?
Beto,
tenho um Don Melchor 2008, e quero vender. Anunciei na OLX mas não tive sucesso. Não acho que seja o canal mais adequado. Você tem alguma sugestão?
Olá, Cledor. DE fato OLX não acho muito adequado. A venda de vinho particular é meio complicado por que em geral o comprador quer saber sobre armazenamento e procura o valor abaixo do mercado. Lojas não costumam comprar. Onde eu vejo mais gente tentando vender vinhos de sua adega particular é o mercado livre. Mas eu mesmo nunca comprei garrafas de particulares. abraços Beto